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Lista entregue à Petrobras é do governo, diz Padilha: 'Quem disser o contrário, está mentindo'

Por Brasil de Fato

03/03/2023 às 20:30:14 - Atualizado há
Brasil de Fato

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), ratificou em entrevista ao Brasil de Fato, as oito indicações do governo para o conselho de administração da Petrobras, principal instância decisória da empresa. Segundo Padilha, a lista com oito nomes enviada pelo Ministério das Minas e Energia (MME) à estatal foi definida conjuntamente entre ministros e é a posição consensual do governo sobre o assunto.

"Olha, os nomes encaminhados pelo ministro das Minas e Energia foram definidos e encaminhados pelo ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira), o ministro da Casa Civil (Rui Costa) e o presidente da Petrobras (Jean Paul Prates). Qualquer pessoa que esteja falando algo diferente está mentido. Foi decisão conjunta dos três", afirmou Padilha.

"Ali, há uma composição equilibrada, que pode ter visões diferentes, o que é positivo. De concreto, é que a decisão foi conjunta. Há uma posição firme do governo de cumprir o que foi dito na campanha eleitoral. O que o presidente disse? Que ele queria pintar de verde e amarelo a política de preços da Petrobras", concluiu o ministro.

Críticas

A lista seguiu para a Petrobras na segunda-feira (27). No mesmo dia, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que fez campanha pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), emitiu uma nota criticando as indicações.

A FUP disse que a lista dos indicados foi elaborada pelo MME unilateralmente. "O MME, de forma unilateral, elaborou sua lista de nomes para o CA [conselho de administração] da Petrobras sem discussão prévia", declarou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da entidade, em nota emitida ainda na segunda.

Para a FUP, quatro nomes teriam sido escolhidos por Silveira: Pietro Adamo Sampaio Mendes, Carlos Eduardo Turchetto Santos, Vitor Eduardo de Almeida Saback e Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira. Esses indicados não estariam comprometidos com o projeto de Lula para a nova gestão da Petrobras, na visão da entidade. "São nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações", complementou Bacelar.

Em entrevista ao site Metrópoles, a deputada e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Silveira preteriu nomes apontados por Prates para o conselho da Petrobras. Cobrou que os nomes escolhidos por Silveira atuem de acordo com o projeto de governo de Lula.

"Ele [Alexandre Silveira] é o ministro de Minas e Energia. Ele não pode colocar um conselheiro que seja contra o que o presidente falou na campanha. Estelionato eleitoral não pode, não", disse Hoffmann. "Os indicados do governo têm que seguir o governo."

Padilha referendou a lista e pediu confiança nos nomes indicados pelo governo. "Tenho certeza absoluta que o ministro de Minas e Energia, que encaminhou a sugestão de membros para o conselho da Petrobras, e todos os conselheiros que representam o governo, vão defender a posição do governo. Eles estão lá para defender o governo."

Confira a lista dos oito indicados pelo governo:

. Pietro Adamo Sampaio Mendes (para presidência do conselho)
. Jean Paul Terra Prates (atual presidente da Petrobras)
. Carlos Eduardo Turchetto Santos
. Vitor Eduardo de Almeida Saback
. Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira
. Bruno Moretti (substituiu o nome de Wagner Granja Victer)
. Sergio Machado Rezende
. Suzana Kahn Ribeiro

O que é o conselho?

É no conselho de administração da Petrobras que são tomadas as maiores decisões sobre os rumos da empresa. É ele quem dá a última palavra sobre planos de investimento e de privatizações. É ele também quem aprova ou não a indicação de diretores da estatal escolhidos pelo governo. Ele ainda pode alterar a política de preços da empresa, apontada por especialistas como o principal motivo da alta da gasolina e diesel no país.

Este conselho é composto por 11 membros. Cada um deles tem direito a um voto em discussões sobre decisões da Petrobras.

Atualmente, quatro deles são representantes dos acionistas minoritários da Petrobras – investidores que compraram ações da empresa na bolsa de valores; um membro representa os funcionários – a geóloga Ronsangela Buzanelli; e outros seis são indicações do governo federal, o sócio-controlador.

Para a FUP, pelo perfil dos indicados por Silveira, não é garantido que eles votariam seguindo orientações do governo em reuniões do conselho caso venham a assumir um posto no órgão. A FUP listou suas principais queixas contra quatro indicados:

. Pietro Mendes é funcionário de carreira da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e foi secretário-adjunto do ex-ministro bolsonarista Adolfo Sachsida.

. Eduardo Turchetto, empresário do setor de açúcar e álcool, responde a processo relacionado à destruição de floresta, com corte de árvores no bioma da Mata Atlântica.

. Vitor Sabak, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), onde está hoje por indicação do senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN), foi assessor especial do ex-ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, e articulador da reforma da Previdência. Também trabalhou no governo de Michel Temer (MDB).

. Eugênio Teixeira foi sócio do vice-governador de Minas Gerais e ex-senador Clésio Andrade (MDB) - vacinado contra covid-19 gratuitamente e às escondidas, numa garagem -, na empresa Aurium Trading Importação e Exportação S/A.

Esses nomes, como os outros enviados pelo governo, ainda vão passar por análise do comitê de pessoas da Petrobras. Depois disso, serão submetidos a votação em assembleia de acionistas marcada para abril.

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