Quando visitei a Universidade de Helsinki logo após a eleição de Jair Bolsonaro para presidir o Brasil entre 2019-2022 disse aos presentes que a minha maior preocupação era com o destino dos povos indÃgenas que viviam na Amazônia, pois estes estariam na linha de frente dos projetos de destruição que haviam sido fartamente anunciados pelo presidente eleito em sua campanha vitoriosa.
Ao longo dos últimos quatro anos, tal como previ, o que vimos de forma difusa foram as informações de invasões em todas as terras indÃgenas amazônicas, mas com especial ênfase nas terras dos Munduruku no Pará e dos Yonamami em Roraima, onde milhares de garimpeiros ilegais se instalaram para destruir as florestas em busca de um ouro, contaminando rios e estabelecendo o terror dentro dos territórios.
Assim, aqui e ali, reportagens espaçadas da mÃdia corporativa acrescidas de denúncias das organizações indÃgenas informaram sobre a gravidade da situação apenas para darem de enfrentar com o incentivo tácito do governo Bolsonaro às invasões e ao terror instalado nas terras indÃgenas.
Agora, com o novo governo instalado, imagens mais claras do que se configura em uma tentativa explÃcito de extermÃnio estão emergindo, forçando o presidente Lula a ir ver pessoalmente as consequências da polÃtica arrasada que foi cometida contra o povo Yonamami em Roraima.
A verdade é que até agora o uso do termo genocÃdio para definir as ações de Jair Bolsonaro durante a crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19 poderia ser visto como um exagero retórico, o que está surgindo sobre a situação dos Yonamami não tem nada de retórico e assume tons de um nÃvel de barbárie humana que não possui outra definição possÃvel, na medida em que houve uma ação deliberada para deixar aquele povo originário abandonado nas mãos de milhares de criminosos, sem qualquer proteção do Estado brasileiro.
O saldo até agora é de pelo menos 500 crianças Yonamami mortas por causa de doenças e outras tantas por causa da presença de garimpeiros em um território que deveria estar sendo protegido e não estava sendo. Resta saber as consequências legais que resultarão contra os responsáveis por este genocÃdio em solo amazônico.
Blog do Pedlowski