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Saiba quais serão os desafios de restauração das obras destruídas por golpistas

Por Notícias Ao Minuto

12/01/2023 às 21:08:16 - Atualizado há
Notícias Ao Minuto

A começar pela montagem da equipe. Os técnicos costumam ser especializados em materiais, o que pode demandar uma grande quantidade de profissionais, já que o acervo destruído inclui tapeçarias, mobiliários de madeira, telas de pintura, esculturas de metal, entre outros.
Antes de tudo, os restauradores vão ter que enfrentar a umidade, já que algumas obras foram encontradas boiando na água e, quanto mais tempo um trabalho fica em contato com o líquido, mais se deteriora, de acordo com Karen Barbosa, conservadora e restauradora de bens culturais móveis.
A escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, que sofreu pichações no Supremo Tribunal Federal, vai ainda ter que passar por um processo de retirada de tinta. Barbosa explica que a superfície da obra não é plana, o que pode dificultar o trabalho, já que o spray deve ter se entranhado na porosidade do granito.
Há ainda o painel de Di Cavalcanti, "Mulatas", perfurado em seis pontos. A grande estrela entre as obras danificadas teve suas fibras rompidas e os fios retorcidos abruptamente, de maneira não linear, de acordo com Valéria Mendonça, conservadora e restauradora. "O restauro é muito mais complexo do que no caso de um corte reto, onde você tem uma maneira mais fácil de unir os fios", diz.
A partir do verso da obra, os restauradores poderão juntar e retecer os fios um a um, ou então fazer um processo com sutura cirúrgica. Os rasgos também fizeram o tecido perder sua tensão e seu equilíbrio, que precisam ser reestabelecidos. "Numa tela grande, o linho deve ser grosso. É preciso tanto na trama quanto na urdidura dar sustentação à tela", diz Mendonça.
Ela pontua, aliás, que outra tapeçaria de Di Cavalcanti desbotada -por descuido da gestão de Jair Bolsonaro, segundo o governo Lula- já havia causado choque entre restauradores. Isso porque a descoloração do tecido, diz, não pode ser recuperada.
"Mulatas" deu mais sorte. Sua pigmentação pode ser tratada, numa reintegração cromática. "Na restauração, o que se usa são pigmentos que não são da tinta do artista", diz ela. "Você mimetiza as cores iguais, as que são aquelas lacunas, aquelas partes faltantes."
O importante é que o processo não demore a começar. "Restaurar o mais rápido possível é importante porque às vezes a tela encolhe. Se estiver muito esticava, a tensão solta", afirma Eneida Parreira, restauradora especializada em pintura.

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Jornalista Luciana Pombo

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