Grande Curitiba Paraná

'Não tenho para onde ir com os meus dois filhos', diz moradora de ocupação alvo de reintegração de posse

Cerca de 150 famílias viviam em ocupação no bairro Campo de Santana, em Curitiba. Cumprimento de ordem judicial começou nesta terça (10). DPE disse que não foi intimada para acompanhar desocupação. Moradora de ocupação que passou por reintegração de posse em Curitiba diz que não tem para onde ir

Por G1

10/01/2023 às 22:54:15 - Atualizado há
Reprodução/RPC

Moradores da Ocupação Povo Sem Medo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), relataram o drama de não ter para onde ir após terem as casas derrubadas em cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse nesta terça-feira (10).

Cerca de 150 famílias viviam no local no bairro Campo de Santana, em Curitiba.

No início da manhã desta terça a Polícia Militar (PM-PR) esteve no local. Conforme moradores da ocupação, quem não estava ali quando a polícia chegou não conseguiu voltar após o início da operação.

"Eu não tenho para onde ir com os meus dois filhos. Não tive a oportunidade de entrar e tirar sequer o que eu coloquei e construí... Nem um animal deveria passar por isso", afirmou Mirieli Santana, moradora da ocupação.

A área é alvo de diversas ações judiciais. A pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR), a Justiça determinou que a reintegração só acontecesse com a apresentação de um plano prévio de remoção e reassentamento das famílias.

No fim de agosto, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) que tentava reverter a decisão da Justiça paranaense determinando a reintegração de posse.

Apesar disso, o ministro determinou regras, entre elas, a destinação das famílias para abrigos e locais adequados.

"A determinação do Supremo Tribunal Federal é que não separe as famílias, que as famílias fiquem juntas. A notícia que temos é que não há estrutura para isso, que na verdade está sendo separado por gênero, e que adolescentes já estariam sendo separados das mães", afirmou o defensor público João Victor Rozatti Longhi.

O g1 questionou a Fundação de Ação Social (FAS) se havia um plano para evitar a separação das famílias. Entretanto, a instituição se limitou a responder que acompanhou a ordem de reintegração de posse.

A FAS afirmou ainda ter prestado atendimento às famílias que estavam no local, mas que só uma aceitou ser encaminhada para uma unidade de acolhimento parceira do município.

Conforme a instituição, as demais optaram por ir para casa de parentes ou retornar às cidades de origem com apoio da empresa proprietária do terreno.

O terreno pertence a uma construtora, mas o movimento alega que o terreno estava abandonado há 30 anos, sem cumprir função social.

A ocupação começou em junho de 2022 e chegou a ter 500 famílias.

A Justiça afirma que a Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) e o Ministério Público do Paraná (MP-PR) devem fazer a fiscalização da reintegração. Porém, a DPE-PR afirmou que não foi intimada.

Por conta disso, a instituição solicitou na Justiça a interrupção das atividades de reintegração na ocupação e afirmou que a ação ocorre de maneira ilegal. Porém a Justiça negou o pedido e manteve as atividades.

A Defensoria Pública e o MTST reiteram que não houve a apresentação, determinada pelo STF, de um plano prévio de remoção e reassentamento das famílias.
Fonte: G1
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