Política homicídio

'Não existe intolerância política,' diz defesa de apoiador de Bolsonaro que matou tesoureiro do PT no Paraná

Marcelo de Arruda foi morto a tiros durante a própria festa de aniversário pelo policial federal penal Jorge Guaranho. Cleverson Ortega e Poliana Lemes Cardoso assumiram defesa de Guaranho na terça (12).

Por g1 PR e RPC Foz do Iguaçu

13/07/2022 às 18:49:17 - Atualizado há
Reprodução/Rede social

A defesa de Jorge Garanho, apoiador de Bolsonaro que matou o tesoureiro do PT Marcelo de Arruda em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, se manifestou nesta quarta-feira (13) em entrevista à RPC. Os advogados Cleverson Ortega e Poliana Lemes Cardoso afirmaram que crime não teve motivação política.

"Nós temos certeza, não existe uma intolerância política. Apesar do Guaranho ter um posicionamento de direita, ele não era uma pessoa extremamente voltada a política, então a motivação politica está totalmente descartada. [...] Ele fazia ronda e aconteceu essa fatalidade, que é uma tragédia. Mas a questão política pode ser completamente descartada," informou a advogada Poliana.

O crime foi registrado por câmeras de segurança na noite de sábado (9). Arruda foi baleado por Guaranho durante a própria festa de aniversário, que era temática sobre o partido dele e o ex-presidente Lula.

A nova defesa assumiu o caso na terça-feira (12). Anteriormente, quem presidia o caso era a advogada Andreza Dolatto Inaccio, que havia sido nomeada durante plantão do final de semana para a defesa de Guaranho. Na segunda (11) ele deixou o caso e informou que comunicou a 3ª vara criminal para que uma nova defesa fosse indicada para o caso.

Conforme a defesa, o que levou o policial federal penal a atirar, foi ele ter se sentido ameaçado após o veículo que ele estava com a esposa e filho, ter sido atingido por terra, jogada pelo petista.

"Ele se sentiu ameaçado por ter sido jogada muita pedra, perdão, muita terra, contra ele, estando com a esposa e filhos dentro do carro," afirmou Poliana.


O advogado Cleverson Ortega disse, no entanto, que ainda é "prematuro" formular uma linha de defesa porque "as imagens são bastante claras." Ele afirmou ainda que Guaranho foi descrito por familiares como uma pessoa "tranquila".

"Totalmente prematuro manter uma linha de defesa, as imagens são bastante claras, mas somente o Guaranho que poderá esclarecer o que ocorreu de fato. [...] A família está bastante abalada, a esposa, mas a princípio me informaram que seria uma pessoa tranquila, que não tem histórico de agressão, uma pessoa totalmente equilibrada," afirmou o advogado.

A defesa finalizou informando que em breve irá se manifestar sobre os fatos após se inteirar de toda investigação.

Testemunhas ouvidas

A Polícia Civil do Paraná vai ouvir mais três pessoas nesta quarta-feira (13), para a investigação sobre o assassinato.

Conforme a Secretaria de Segurança Pública do Paraná outras 14 pessoas já foram ouvidas. Ainda segundo a Sesp, a previsão é que o inquérito seja concluído até a próxima terça-feira (19).

A RPC teve acesso ao depoimento de um amigo de Marcelo Arruda e que estava na festa de aniversário. Ele detalhou o que aconteceu antes do início dos tiros.

Segundo ele, tudo ia bem até que, na parte interna do estacionamento, apareceu um homem que gritou de dentro de um carro branco: "Aqui é Bolsonaro!" e xingou as pessoas em volta.

Ele afirmou que o policial penal manobrou o carro, voltou, continuou com os xingamentos e sacou uma pistola apontando para Marcelo. Neste momento, segundo o depoimento, Marcelo jogou o copo que tinha na mão em direção ao homem para se defender.

No depoimento a testemunha diz ter sido possível ouvir o homem dizer que ia embora mas que voltaria.

De acordo com a testemunha, Marcelo falou que iria até o veículo dele pegar a arma para não ficar desprotegido. O amigo também afirmou que o homem não era conhecido de ninguém na festa, não era convidado e não se sabe o que estava fazendo lá.

A mulher do policial penal federal Jorge Guaranho também foi ouvida pela polícia. Ela não teve o nome divulgado. De acordo com o promotor Tiago lisboa, ela afirmou que o marido era sócio da associação e frequentava o local.

"Ele frequentava ali, com relativa frequência, praticamente todas as terças e sextas. É um clube recreativo e naquele dia em específico, ele passou por lá, ele teria passado por lá pra realizar uma ronda que era comum ser feita pelos membros da associação, daquele local ali", disse.

Ainda de acordo com o promotor, a esposa de Guaranho disse que ele não conhecia Marcelo Arruda.

O policial penal federal Jorge Guaranho está internado na UTI. A SESP-PR e a Polícia Civil informaram, que ele a polícia civil informaram que ele está sedado, intubado, estável. Não há previsão de alta.

O caso

Câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal chegou de carro e parou na porta da festa. Ele fez uma manobra e virou o carro. Marcelo e a esposa saíram e houve uma discussão.

O boletim de ocorrência informa que Guaranho chegou ao local de carro e que no veículo estavam também uma mulher e um bebê.

Depois de alguns segundos, Jorge foi embora. Ele voltou ao local minutos depois no mesmo carro, desceu do veículo e atirou ainda do lado de fora.

Segundo o documento, ele desceu do carro armado, gritando: "Aqui é Bolsonaro!". De acordo com o boletim, o policial penal não era conhecido de ninguém na festa nem foi convidado.

O atirador, em seguida, entrou no salão de festas, onde disparou novamente contra Marcelo.

Outra câmera, instalada dentro do salão onde ocorria a festa de aniversário, registrou o momento em que o tesoureiro do PT foi baleado.

Ao ser atingido por Guaranho, Marcelo Arruda, que estava armado, revidou. Nas imagens da câmera, Marcelo aparece caindo no chão do salão.

O atirador fez então outros disparos, conforme mostra o vídeo. Em seguida, uma mulher - que, segundo a polícia, seria a esposa de Marcelo - tentou impedir que o atirador continuasse e o empurrou.

A comemoração era realizada na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A.

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