Geral blasfêmia

Acusada de blasfêmia, estudante nigeriana foi perseguida e morta, diz ONG

Por A Referência

18/05/2022 às 00:23:18 - Atualizado há

Uma estudante nigeriana foi brutalmente assassinada na semana passada no Estado de Sokoto, no noroeste do país. Ela teria sido morta, e o corpo teria sido queimado por blasfêmia, em um episódio que agrava as tensões religiosas na nação africana, de maioria muçulmana. As informações são da ONG Human Rights Watch (HRW).

Segundo a imprensa local, Deborah Samuel foi perseguida e morta por criminosos não identificados após ter enviado a colegas de classe uma mensagem no aplicativo de mensagens WhatsApp em que teria insultado a principal figura religiosa do islamismo, vista como profeta por seus seguidores.

Diversos vídeos que viralizaram na internet mostram homens armados com paus batendo no corpo ensanguentado e aparentemente sem vida de uma mulher, que supostamente seria o da estudante. As imagens ainda mostram jovens comemorando. Entre eles, um homem com uma uma caixa de fósforos em mãos diz que usou o objeto para incendiar a vítima.

A estudante nigeriana Deborah Samuel (Foto: Twitter/Reprodução)


Dividida entre um sul católico, mais rico, e um norte muçulmano e empobrecido, a Nigéria teve nessa divisão a raiz de conflitos perenes. Há cerca de 250 grupos étnicos espalhados pelo país, de 195 milhões de habitantes.

Se por um lado a constituição nigeriana garante o direito à liberdade de expressão, pensamento e consciência, de outro, a lei penal do país criminaliza qualquer ato que configure insulto à religião. A Sharia, ou lei islâmica, aplicável nos 12 estados do norte do país, incluindo Sokoto, criminaliza a blasfêmia, que pode levar à pena de morte.

Acusações de blasfêmia na Nigéria muitas vezes desencadeiam revolta popular antes mesmo de as autoridades tomarem conhecimento. Na história do país há inúmeros assassinatos e linchamentos por suposta heresia contra o Islã.

A diplomata e política nigeriana que atua como a quinta secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Amina J. Mohammed, se manifestou sobre a morte de Deborah no Twitter. "A justiça deve ser feita pelo assassinato brutal e sem sentido da jovem Deborah Samuel na Nigéria. As religiões não devem ser mal interpretadas para pregar a violência quando promovem a paz", escreveu.

Anulação da lei de blasfêmia

Na visão da HRW, urge a necessidade de parlamentares nigerianos introduzirem leis para revogar a legislação de blasfêmia do país, que é inconsistente com a lei internacional de direitos humanos da qual a Nigéria faz parte.

"As autoridades devem investigar completamente e processar adequadamente todos os responsáveis ??pelo assassinato de Samuel e enviar uma mensagem clara de que os assassinatos em massa não têm lugar na Nigéria, qualquer que seja sua justificativa", declarou a ONG.

Fonte: A Referência
Comunicar erro
Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo