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ONG divulga índice de liberdade de imprensa e alerta para a polarização da mídia

Por Da Redação

04/05/2022 às 15:25:54 - Atualizado há

No Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, celebrado na terça-feira (3), foi divulgado em Londres o 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa, organizado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Além do rankeamento, a relação detalha as condições do jornalismo em 180 países e territórios, observando a problemática dos “efeitos desastrosos do caos no ambiente de informação, causado por um ambiente globalizado e desregulado que alimenta fake news e propaganda política”.

Ao lançar uma análise sobre o momento atual, a RSF fala em um fenômeno no jornalismo que define como “nova era de polarização”. A organização sustenta que, em países democráticos, as crescentes divisões são resultado da disseminação da mídia opinativa inspirada no “modelo Fox News” (canal conservador de TV a cabo dos EUA). Outro fator observado é a disseminação de canais de desinformação, que têm ampla vitrine nas redes sociais.

“Em nível internacional, as democracias estão sendo enfraquecidas pela assimetria entre sociedades abertas e regimes despóticos que controlam suas mídias e plataformas online enquanto travam guerras de propaganda contra as democracias. A polarização nesses dois níveis está alimentando o aumento da tensão”, analisa a organização.

Protesto em Hong Kong pela liberdade de imprensa e de expressão (Foto: ReflectionandSeeing/Flickr)

A invasão da Ucrânia (106ª colocada no ranking) pela Rússia (155ª) em 24 de fevereiro serve como um exemplo prático desse processo, já que o combate entre as tropas teve como prévia uma guerra de propaganda. A mídia estatal russa, inclusive, já foi apontada em relatórios como elemento crítico na desinformação e na propaganda de Moscou.

Um dos principais regimes autocráticos do mundo, a China (175º) também foi abordada no índice. Particularmente pelo uso do seu “arsenal legislativo” para confinar sua população e mantê-la isolado do resto do mundo, especialmente quem vive na região semiautônoma de Hong Kong (148º), que despencou 68 posições no Índice.

“É a maior queda do ano, mas é totalmente merecida devido aos consistentes ataques à liberdade de imprensa e ao lento desaparecimento do estado de direito em Hong Kong”, afirmou à Agence France-Presse Cedric Alviani, chefe da sucursal da RSF na Ásia Oriental, segundo repercutiu a rede Radio Free Asia.

A situação foi classificada como “muito ruim” em um número recorde de 28 países no Índice deste ano, enquanto 12 países, incluindo Belarus (153º). Os 10 piores países do mundo em liberdade de imprensa incluem Mianmar (176º), onde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 atrasou a liberdade de imprensa em 10 anos, China, Turcomenistão (177º), Irã (178º), Eritreia (179º) e Coreia do Norte (180º).

Em situação “um pouco melhor” em relação à parte de baixo da tabela estão dois rivais históricos. A Índia do nacionalista Narendra Modi ficou em 150º lugar e o Paquistão em 157º. A falta de liberdade de imprensa no Oriente Médio continua impactando o conflito entre Israel (86º), Palestina (170º) e os estados árabes.

Entre as nações que estão em situação relativamente boa estão os EUA (42º), embora a eleição de Joe Biden não tenha impedido a polarização da mídia de alimentar e reforçar as divisões sociais internas. Já na França (26º), a posição “nem tão ruim” não impede o aumento da tensão social e política, também devidamente alimentada pelas redes e pela nova mídia de opinião.

Moldávia (40º) e Bulgária (91º) se destacaram neste ano graças a uma mudança de governo e a esperança que trouxe para a melhoria da situação dos jornalistas, mesmo que os oligarcas ainda possuam ou controlem a mídia.

O Brasil ficou no 110º lugar. Sobre a situação do país, a ONG pondera que “a relação entre a imprensa e o governo se deteriorou muito desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, que ataca regularmente jornalistas e a mídia em seus discursos” e “mobiliza exércitos de apoiadores nas redes sociais como parte de uma estratégia de ataques coordenados para desacreditar a imprensa, rotulada como inimiga do Estado”, diz o texto.

No “céu” da liberdade de imprensa figura o trio de países nórdicos. Ocupam primeira, segunda e terceira posição do índice Noruega, Dinamarca e Suécia, países que para a RSF servem “como um modelo democrático onde a liberdade de expressão floresce”.

Proteção à informação

“A criação de armamentos midiáticos em países autoritários elimina o direito de seus cidadãos à informação, mas também está ligada ao aumento da tensão internacional, que pode levar aos piores tipos de guerras”, disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

Ele acrescentou que são necessárias decisões urgentes em resposta a essas questões, promovendo um “novo acordo para o jornalismo”, como proposto pelo Fórum de Informação e Democracia, bem como a adoção de um marco legal adequado, com um sistema de proteção de espaços democráticos de informação online.

Fonte: A Referência
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