Levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia mostra que pandemia reduziu em mais de 60% o número de intervenções em 2021 De acordo com dados obtidos com exclusividade pela Sociedade Brasileira de Urologia em consulta ao Ministério da Saúde, houve uma redução média de 61% no número de internações para tratamento cirúrgico de incontinência urinária em 2021. Em 2019, antes da pandemia, o total de internações foi de 6.735; ano passado, esse número caiu para 2.631. A Região Norte foi a mais impactada, com uma queda de 72% nos procedimentos, seguida pelas regiões Sul (69%), Centro-Oeste (61%), Sudeste (59%) e Nordeste (51%). Os estados com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) são os que apresentam menor número de cirurgias por milhão de habitantes. No entanto, mesmo nos estados com maior IDH, o número de operações corrigido pelo tamanho da população é bem inferior ao de países com bom desenvolvimento econômico.Incontinência urinária: o distúrbio atinge 45% das mulheres e 15% dos homens acima dos 40 anos Bzndenis para PixabayO distúrbio atinge 45% das mulheres e 15% dos homens acima dos 40 anos e tem forte impacto na qualidade de vida das pessoas, que até se afastam do convívio social para evitar constrangimentos. O pior é que, apesar de haver diversos tipos de tratamento, boa parte das mulheres – o grupo mais afetado pela disfunção – acredita que a condição faz parte do processo de envelhecimento e nem sequer relata o desconforto. De acordo com pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, quase metade das mulheres acima dos 50 sofre com o problema, mas dois terços não falam sobre isso com seu médico. Por isso, 14 de março foi transformado no dia de conscientização do problema.A médica Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia, lamentou que tantas pessoas convivam com a incontinência urinária por anos por desconhecer que existem opções terapêuticas e também pelo medo de serem estigmatizadas: “muitas se isolam e não abordam o assunto com seus parceiros, amigos e médicos. Alguns tratamentos são bem simples, através de fisioterapia e medicamentos, além do controle de volume e horário de ingestão de líquidos”. Ela acrescentou que, nos últimos anos, a entidade vem se mobilizando para se aproximar dos estudantes de medicina com o objetivo de proporcionar aos acadêmicos mais informações sobre a especialidade: “é preciso que os jovens médicos saibam perguntar, acolher e orientar os pacientes”.Há vários tipos de incontinência urinária e a mais comum é a por esforço, que ocorre durante um acesso de tosse, de risadas, ou quando se carrega peso. É causada pela incapacidade do esfíncter de manter a uretra fechada durante o aumento da pressão abdominal. Já na chamada incontinência urinária de urgência ou bexiga hiperativa, surge uma vontade repentina e incontrolável de urinar durante o dia e à noite – e sua intensidade pode comprometer a qualidade do sono. Além da idade, entre os fatores de risco estão partos difíceis, diabetes, obesidade, doenças neurológicas e cirurgias de próstata. Além da fisioterapia e de medicamentos, o tratamento pode incluir a aplicação de toxina botulínica – o popular botox, que relaxa a musculatura – e cirurgia para implantação de sling, considerado o padrão ouro para as mulheres com incontinência por esforço. Este é um procedimento minimamente invasivo que consiste na introdução de uma fita de polipropileno, ou de tecido do próprio corpo da paciente, por via vaginal, que é posicionada abaixo da uretra, para aumentar a resistência e reduzir a perda de urina. Para os homens, a opção mais indicada é o esfíncter artificial.