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Na noite da Ășltima terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi palco de um momento crucial para a polĂtica do Rio de Janeiro. A ministra Isabel Gallotti, relatora do processo, votou pela cassação do governador ClĂĄudio Castro (PL) e do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Rodrigo Bacellar (União Brasil), acatando as acusações de abuso de poder polĂtico e econômico nas eleições de 2022.
A sessão, que contou com a participação da presidente do TSE, CĂĄrmen LĂșcia, e dos ministros AndrĂ© Mendonça, Kassio Nunes Marques, Floriano de Azevedo Marques, Antonio Carlos Ferreira e Estela Aranha, analisou minuciosamente as denĂșncias que pairam sobre ClĂĄudio Castro e Bacellar. As acusações centram-se em um suposto esquema de contratações irregulares de 27 mil servidores temporĂĄrios pela Fundação Ceperj e pela UERJ, que teriam sido utilizados como cabos eleitorais durante a campanha à reeleição do governador.
Antes de proferir seu voto, a ministra Isabel Gallotti rejeitou as preliminares apresentadas pelas defesas, que alegavam intempestividade e cerceamento de defesa. Ela tambĂ©m refutou o argumento de que o então reitor da UERJ, Ricardo Lodi, deveria ter sido incluĂdo no processo como parte passiva, por ter disputado o cargo de deputado estadual pelo PT em 2022 e supostamente se beneficiado do esquema.
"Não existe vĂnculo jurĂdico e material entre o reitor e os demais investigados. Não Ă© obrigatória a inclusão no polo passivo de um dos agentes pĂșblicos" - declarou Gallotti, ao comentar a decisão.
O caso ganhou notoriedade após reportagens revelarem contratações em massa sem transparĂȘncia. Investigações do MinistĂ©rio PĂșblico do Rio identificaram saques de R$ 248 milhões feitos em agĂȘncias bancĂĄrias por contratados, que teriam sido orientados a repassar parte do dinheiro a operadores polĂticos. Em maio de 2024, o TRE-RJ havia absolvido Castro e os demais acusados, mas o MinistĂ©rio PĂșblico Eleitoral recorreu da decisão, levando o caso à instância superior.
O vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, durante a sessão no TSE, argumentou que o governador obteve vantagem indevida ao empregar servidores sem amparo legal e usar recursos descentralizados de órgãos pĂșblicos. Segundo ele, o total pago aos servidores temporĂĄrios no primeiro semestre de 2022 foi de R$ 519 milhões.
"Ou seja, mais de meio bilhão de reais foi empregado nessa estratĂ©gia, que permitiu a contratação de servidores temporĂĄrios remunerados regularmente no ano eleitoral" - afirmou Espinosa.
Espinosa classificou o caso como "significativo" e "muito grave", destacando que o valor gasto em um semestre ultrapassou em quase 30 vezes o teto de gastos de campanha do governo, que era de R$ 17 milhões. A anĂĄlise da ministra Isabel Gallotti no TSE poderĂĄ definir o futuro polĂtico de ClĂĄudio Castro, que pode perder o mandato e ficar inelegĂvel por 8 anos, caso seja condenado.