MKT Digital Criativo: como marcas estão hackeando datas, comportamentos e narrativas com criatividade digital

Quando o algoritmo cansa do óbvio, é a coragem que dita o engajamento

Por Por Luciana Pombo - Blog da Luciana Pombo | Jornalismo que não arquiva a verdade em 04/11/2025 às 12:47:01

Mais do que vender, as marcas inteligentes querem pertencer. Querem estar no mesmo grupo de afinidades que seus públicos, falar a mesma língua, respirar o mesmo ar cultural. O marketing digital contemporâneo deixou de ser um calendário de datas comemorativas e virou uma arena de criatividade estratégica, onde relevância vale mais do que orçamento e escuta vale mais do que grito.

As marcas que entenderam o novo jogo sabem que conexão verdadeira não nasce de desconto relâmpago, mas de identificação emocional. Elas perceberam que, em tempos de hiperexposição e saturação, ser autêntico é o último ato de rebeldia possível.

Quem ainda repete o modelo das campanhas "comemorativas" de gaveta, com arte reciclada e copy preguiçosa, está falando sozinho. O público migrou — e levou o interesse junto. Hoje, o impacto vem de ações que respiram comportamento, timing e ousadia.

É o caso da Aramis, que no Dia dos Namorados decidiu trocar o clichê dos casais sorridentes por uma provocação bem-humorada: a campanha (Ex)Change, que transformou roupas de ex-namorados em looks novos. A ação não apenas gerou vendas, mas viralizou por humanizar o desapego, unindo humor e propósito. Já a Gatorade mostrou que o amor pode terminar, mas a energia não: transformou a dor de um término em combustível para superação esportiva. Ambas deixaram claro que a nova publicidade fala com gente real — e gente real também sofre, termina, recomeça.

A ousadia também passa por reinventar formatos. A Whiskas criou o The Purrcast, um podcast apresentado por gatos, que discute o comportamento humano com ironia e ronronar. A McCain, em parceria com a Cinemark, criou o Dia da Batata — uma data comemorativa inédita, com combo temático, brinde colecionável e storytelling físico. Duas campanhas que mostram que criatividade é, na prática, a capacidade de rir do próprio manual de instruções.

Nas tribos digitais, as marcas estão se infiltrando com mais método que sorte. Monster lançou o sabor Rio, um produto que homenageia o espírito da cidade e conversa diretamente com o público carioca — vibrante, múltiplo e caótico como o próprio produto. A Adidas, por sua vez, decidiu vestir também os bichos com a linha Adidas Pet, traduzindo seu estilo esportivo para o universo pet. Ambas entenderam o que muitas empresas ainda fingem não ver: é melhor dialogar com cem pessoas certas do que com cem mil distraídas.

As campanhas mais eficazes do momento têm uma gênese comum: elas nascem de escuta. Escuta do público, das tendências, dos microcomportamentos. Não são ideias tiradas da cartola, mas da observação. E é aí que o papel do marketing digital volta ao seu centro: curadoria, planejamento e análise de dados que transformam comportamento em estratégia.

Luciene Hellen, especialista em redes sociais da Ventura Comunicação & Marketing Digital, resume esse novo paradigma com precisão cirúrgica: "As marcas que realmente engajam são as que têm coragem de se despir do roteiro. Elas não falam de cima pra baixo, falam de dentro pra fora — porque fazem parte da conversa. Criatividade, sem contexto e sem escuta, é só ruído com filtro bonito."

Luciene também lembra que a autenticidade exige método: "Ser espontâneo dá trabalho. É preciso entender quando o público quer rir, quando quer debater, quando quer ser provocado. O algoritmo entende números. As pessoas entendem verdade."

No ambiente digital, onde o excesso virou regra, o que chama atenção é o que ousa ser diferente — mas diferente com propósito. A criatividade precisa vir com intenção, e a intenção precisa vir com análise. A escuta gera dados; os dados, estratégias; e as estratégias, se bem executadas, geram pertencimento.

No fim das contas, o marketing digital deixou de ser suporte de venda. Hoje, ele é o próprio palco onde as marcas se definem e se reinventam. Quem entende isso não está apenas vendendo produtos, está criando cultura.

Fonte: Fontes: Ventura Comunicação & Marketing Digital; Grupo Trama Reputale; Relatórios de campanhas de 20

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