Cosan recebe aporte de R$ 9 bilhões e BTG se torna sócio relevante

Injeção de capital alivia dívida e reorganiza estrutura da gigante de energia e infraestrutura.

Por Da Redação em 04/11/2025 às 10:56:30
Foto: InvestNews

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Em um movimento que redefine sua estrutura de capital, a Cosan, gigante brasileira de energia e infraestrutura, precificou na segunda-feira, 3 de novembro de 2025, uma emissão de ações que injeta R$ 9 bilhões em seus cofres, podendo alcançar R$ 10,4 bilhões com um lote adicional. A operação não apenas alivia a pressão de uma dívida crescente, mas também abre as portas para o BTG Pactual e a Perfin como sócios de peso.

Reorganização Financeira e Novo Mapa de Poder

A injeção de capital ocorre em um momento crucial de reorganização financeira para a Cosan, que vinha enfrentando um ciclo de forte endividamento após anos de expansão via aquisições e investimentos de grande porte. A empresa, conhecida por suas participações em companhias como Raízen, Rumo, Compass, Radar e Moove, busca agora reduzir a pressão sobre seu caixa.

A nova configuração acionária altera o mapa de poder dentro da Cosan, embora preserve a influência de Rubens Ometto. O BTG Pactual, liderado por André Esteves, assume a posição de maior acionista individual, com aproximadamente 23% do capital, seguido pela Aguassanta Participações, holding de Rubens Ometto (21%), e pela Perfin, com 10%. Apesar disso, o acordo de acionistas garante a Ometto o controle formal, mantendo 50,01% das ações com direito a voto e a presidência do conselho até 2031.

Na prática, o poder decisório se torna mais compartilhado, refletindo a entrada de novos capitais e de novos interlocutores em setores estratégicos como energia, combustíveis e logística. A Aguassanta participou ativamente da operação, emitindo R$ 750 milhões em notas comerciais para acompanhar a capitalização, enquanto o BTG aportou R$ 6,5 bilhões e a Perfin, R$ 2 bilhões.

Impacto nos Acionistas Minoritários

A operação teve participação direta da Aguassanta, que emitiu R$ 750 milhões em notas comerciais para acompanhar a capitalização. O BTG aportou R$ 6,5 bilhões e a Perfin, R$ 2 bilhões. O dinheiro vai reforçar o caixa e reduzir o endividamento da holding, hoje um dos principais desafios da Cosan.

A nova estrutura acionária também tem implicações diretas para os acionistas minoritários. Na primeira emissão, de 1,45 bilhão de papéis, apenas o consórcio formado por BTG, Perfin e Aguassanta pôde participar, o que significa que os investidores individuais não tiveram direito de preferência. Na prática, isso provoca uma diluição automática: cada ação atual da Cosan perde cerca de 43% de participação relativa. Os minoritários só poderão exercer o direito de preferência na segunda oferta, menor, de 550 milhões de ações. Embora a medida tenha gerado críticas no mercado, ela está prevista no estatuto da companhia e foi considerada essencial para viabilizar a entrada dos novos sócios e a rápida injeção de capital.

Alívio Financeiro e Nova Fase

O aumento de capital é uma resposta a um ciclo de forte alavancagem que começou em 2022, quando a Cosan investiu pesado na aquisição de quase 5% da Vale, numa tentativa de ganhar influência na mineradora. O plano não vingou, e a dívida consolidada do grupo disparou, chegando a R$ 93 bilhões.

Para acelerar o ajuste, a Cosan também vendeu participações minoritárias em ativos de energia, açúcar e etanol, além de sua fatia no Grupo Nós, dono dos minimercados Oxxo. Essas medidas, somadas ao novo aporte, buscam restabelecer a capacidade de investimento e preparar a empresa para uma nova fase, com governança mais compartilhada e foco em rentabilidade.

A operação também sela a união entre o capital financeiro e o industrial. Rubens Ometto, figura emblemática da indústria sucroenergética, e André Esteves, um dos principais nomes do setor financeiro brasileiro, agora compartilham o mesmo conglomerado - uma aliança que, além de fortalecer o balanço da Cosan, expande a influência do BTG em negócios ligados à infraestrutura e energia.

Com o novo capital, a holding espera reduzir quase pela metade seu passivo e economizar cerca de R$ 1 bilhão por ano em despesas financeiras. Mais do que um alívio financeiro, a operação redefine a estrutura da Cosan, que passa a dividir o poder decisório com um banco de investimento influente em diversos setores da economia.

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