Adeus a Gianfranco Sanguinetti, Ícone Situacionista

Figura chave da Internacional Situacionista nos deixa aos 77 anos em Praga.

Por Da Redação em 04/11/2025 às 00:47:08
Foto: Reddit

Foto: Reddit

Com o coração pesado, compartilho a notícia do falecimento de Gianfranco Sanguinetti, ocorrido em 3 de outubro. Aos 77 anos, Sanguinetti deixou um legado marcante como escritor e figura central da Internacional Situacionista, um movimento que desafiou as convenções e questionou o status quo.

Uma Voz Crítica e Rebelde

Nascido em Pully, Suíça, em 16 de julho de 1948, Gianfranco era filho de Teresa Mattei, uma resistente e política francesa, e Bruno Sanguinetti, também resistente e industrial. Desde cedo, mostrou-se conectado aos movimentos de vanguarda que sacudiram a Europa e o mundo a partir dos anos 60.

Em 1969, fundou a seção italiana da Internacional Situacionista e, três anos depois, juntamente com Guy Debord, sentiu a necessidade de superar aquele momento, co-assinando a dissolução da organização. Sua mente brilhante o permitiu usar obras e pensamentos antigos como ferramentas para analisar a realidade contemporânea, revelando as verdades ocultas pelos poderes estabelecidos.

O Embuste que Enganou a Itália

Em 1975, sob o pseudônimo de Censor, Sanguinetti publicou o "Rapporto veridico sulle ultime possibilità di salvare il capitalismo in Italia". O que se seguiu foi um verdadeiro embuste que manteve políticos, autoridades e a imprensa italiana em polvorosa, todos tentando descobrir quem era o autor daquele diagnóstico político-econômico tão preciso e implacável.

No ano seguinte, ele revelou sua identidade em "Proofs of the Inexistence of Censor Stated by its Author", explicando as intenções por trás do relatório e expondo verdades inconvenientes. Sua análise perspicaz sobre o terrorismo de Estado, já em 1979, foi pioneira ao denunciar o uso de terrorismo de "bandeira falsa" pelos próprios Estados.

"Gianfranco Sanguinetti denunciou o terrorismo de estado, a crise do capitalismo e o surgimento do "despotismo ocidental" a partir da década de 1970" - informou o comunicado divulgado no site do autor.

Um Legado de Crítica e Reflexão

Durante seu "exílio" voluntário em Praga, Sanguinetti continuou a escrever e a colecionar arte erótica, sempre atento ao que a propaganda dominante tentava esconder. Ele denunciava a orquestração das aparências e as formas de autoritarismo contemporâneo, que chamava de "despotismo ocidental".

Seus arquivos estão guardados na Biblioteca de Livros Raros e Manuscritos de Beinecke, na Universidade de Yale, um testemunho de sua importância para o pensamento crítico. Para saber mais sobre sua vida e obra, você pode visitar o site oficial, que oferece uma biografia completa e fotos.

Gianfranco Sanguinetti nos deixa, mas seu legado de crítica e reflexão permanece, inspirando-nos a questionar o mundo ao nosso redor e a buscar a verdade por trás das aparências. Sua voz fará falta, mas suas ideias continuarão a ecoar.

Comunicar erro

Comentários

Gatas ClassDeusas do Luxo