Base do governo e oposição divergem sobre PEC da Segurança Pública

Reunião da comissão especial que analisa a PEC da Segurança Pública Nesta segunda-feira (3), o relator da Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública (PEC 18/25), deputado Mendonça Filho (União-PE), disse ser favorável à integração das forças de segurança, mas sem um comando único.

Por Câmara Federal em 03/11/2025 às 20:44:10
Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

Nesta segunda-feira (3), o relator da Proposta de Emenda à Constituição da Segurança PĂșblica (PEC 18/25), deputado Mendonça Filho (União-PE), disse ser favorĂĄvel à integração das forças de segurança, mas sem um comando Ășnico. Na opinião dele, transferir a coordenação da segurança pĂșblica para o governo central Ă© inconstitucional, por retirar autonomia dos estados.

"Tenho divergĂȘncia de fundo, por ser da oposição. Entendo que a gente vive numa federação, e federalismo Ă© clĂĄusula pĂ©trea, autonomia Ă© consagrada na Constituição; mexer nessa autonomia Ă© absolutamente inconstitucional. Não hĂĄ experiĂȘncia no mundo onde se enfatize mais poder central", enfatizou.

Mendonça Filho afirmou ainda que, na prĂĄtica, 80% do financiamento da segurança vem dos estados, cerca R$ 150 bilhões. O governo federal contribuiria com apenas 12% do orçamento da ĂĄrea. Atualmente, a Constituição determina que a responsabilidade pela segurança pĂșblica Ă© dos estados.

Integração
O diretor-geral da PolĂ­cia Federal, Andrei Rodrigues, garantiu que em nenhum momento a PEC fala em transferir as atribuições das polĂ­cias civis, que são estaduais, para a PolĂ­cia Federal. Segundo disse, o que se pretende Ă© estimular a participação e a integração de todo o sistema.

O diretor da PF relatou que atualmente o órgão jĂĄ tem acordos de atuação conjunta com os 27 estados da federação e garantiu que as forças integradas de combate ao crime iniciadas no atual governo funcionam "muito bem". Segundo disse, no ano passado, as ações integradas apreenderam R$ 6,9 bilhões do crime organizado, enquanto em 2022, antes da cooperação, as apreensões teriam ficado em R$ 700 milhões.

"Só na operação Carbono Oculto nós apreendemos nos fundos de investimento, contas, patrimônio, quase R$ 3 bilhões em efetivos recursos apreendidos. São resultado do processo de integração que temos. A PEC vai fomentar e definitivamente consolidar esse processo de integração", afirmou.

O deputado Alencar Santana (PT-SP) sugeriu ao relator incluir na proposta formas mais eficazes de confiscar o dinheiro do crime para ser reinvestido no sistema de segurança pĂșblica. Mendonça Filho adiantou que não só vai incluir na medida um dispositivo para tornar o perdimento de bens de facções mais ĂĄgil e efetivo, mas tambĂ©m tornar a Receita Federal um órgão subsidiĂĄrio da segurança pĂșblica.

Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados AudiĂȘncia PĂșblica - Integração interagĂȘncias no sistema nacional de segurança pĂșblica. Diretor-Geral da PolĂ­cia Federal - PolĂ­cia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues Andrei Rodrigues negou que haja intenção de transferir poderes das polĂ­cias civis para a polĂ­cia federal

Operação no Rio
A operação policial ocorrida no Rio de Janeiro na semana passada, que deixou 121 mortos - entre eles, quatro policiais - tambĂ©m causou polĂȘmica entre os participantes do debate. O presidente da comissão especial que analisa a proposta, deputado Aluisio Mendes (Republicanos-MA), defendeu a ação policial, assim como Mendonça Filho e Alberto Fraga (PL-DF). Mendes lembrou que pesquisas posteriores à operação mostraram que 58% da população geral da cidade aprovaram a medida, e que nas comunidades a aprovação passou de 70%.

JĂĄ Alencar Santana ressaltou que as pesquisas tambĂ©m apontaram que a ação da polĂ­cia do Rio deixou as pessoas mais inseguras e com mais medo. Assim como o lĂ­der do governo, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado comparou à ação no Rio à operação realizada em São Paulo que chegou aos operadores financeiros de uma facção criminosa com ações de inteligĂȘncia e sem violĂȘncia.

"Temos de decidir qual polĂ­tica de segurança queremos para o Brasil, se guerra aberta ou guerra que procura eficĂĄcia, prisões, pegar dinheiro dessas facções, que temos de combater com a maior força possĂ­vel", afirmou Alencar Santana.

A Proposta de Emenda à Constituição 18/25 foi enviada pelo governo federal para o Congresso em abril. AlĂ©m de determinar que compete ao governo federal legislar sobre segurança pĂșblica e coordenar o sistema, o texto prevĂȘ a integração de todas as forças de segurança.

Fonte: Câmara Federal

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