Partida de Clara Charf aos 100 anos: Um Legado de Luta e Resiliência

Ativista, viúva de Marighella, deixa marca indelével na defesa dos direitos humanos e igualdade de gênero no Brasil.

Por Da Redação em 03/11/2025 às 14:42:10

O Brasil se despede de uma de suas mais notáveis defensoras dos direitos humanos e da igualdade de gênero. Clara Charf, ativista incansável e viúva de Carlos Marighella, faleceu nesta segunda-feira, 3 de novembro de 2025, aos 100 anos. Sua partida, por causas naturais, ocorreu em um hospital onde estava internada e intubada, conforme informou a Associação Mulheres Pela Paz, organização que ela fundou e presidiu com dedicação.

A notícia da morte de Clara Charf ressoa profundamente, não apenas entre aqueles que a conheceram e admiravam, mas em todos que valorizam a luta pela justiça social e pelos direitos igualitários. Sua trajetória de vida, marcada por desafios e superações, inspira e motiva a continuidade de sua luta.

Nascida em Maceió, Alagoas, Clara era filha de judeus russos que buscaram refúgio no Brasil. Desde cedo, demonstrou interesse pela vida política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro aos 16 anos. Em 1947, uniu-se a Carlos Marighella, compartilhando ideais e enfrentando juntos a perseguição e a prisão durante a ditadura militar.

A Associação Mulheres Pela Paz expressou seu pesar em comunicado oficial:

"Clara deixa um legado de lutas pelos direitos humanos e equidade de gênero. Clara foi grande. Foi do tamanho dos seus 100 anos. Difícil dizer que ela apagou. Porque uma vida com tamanha luminosidade fica gravada em todas e todos que tiveram o enorme privilégio de aprender com ela. Vá em paz, querida guerreira."

Após a morte de Marighella, Clara exilou-se em Cuba, retornando ao Brasil em 1979, com a anistia. De volta à sua terra natal, engajou-se ativamente na luta pelos direitos das mulheres, pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária. Sua atuação foi fundamental para a conscientização e o empoderamento feminino.

Uma vida de luta e superação

Clara Charf personificou a resiliência e a determinação. Enfrentou a perseguição política, o exílio e a dor da perda, mas nunca abandonou seus ideais. Sua história é um exemplo de coragem e de compromisso com a transformação social.

Em 2005, Clara coordenou no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que nasceu na Suíça, promovendo a indicação coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz. Sua liderança e articulação foram essenciais para o sucesso da iniciativa no país.

Antes de se dedicar integralmente à militância política, Clara foi comissária de bordo, profissão incomum para mulheres na década de 1940. Sua fluência em inglês abriu-lhe portas e permitiu que explorasse novos horizontes.

Em 1982, Clara candidatou-se a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores, obtendo 20 mil votos. Apesar de não ter sido eleita, continuou sua militância em defesa de um Brasil mais igualitário e justo. Sua trajetória política e social é um legado para as futuras gerações.

A partida de Clara Charf representa uma grande perda para o Brasil, mas seu legado de luta e esperança permanecerá vivo na memória daqueles que acreditam em um mundo mais justo e igualitário. Sua história nos inspira a seguir em frente, defendendo os direitos humanos e construindo uma sociedade mais fraterna.

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