No Rio de Janeiro, a Polícia Civil divulgou no último domingo (2) informações detalhadas sobre as 117 vítimas fatais da Operação Contenção, realizada na semana passada nos Complexos do Alemão e da Penha. A ação, que ocorreu na terça-feira (28/9), está sob intenso escrutínio público e institucional.
O relatório divulgado pela Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro revelou que mais de 95% dos identificados possuíam ligações comprovadas com o Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do país, e que 54% dos mortos eram provenientes de outros estados. Apenas dois laudos periciais foram considerados inconclusivos.
Segundo a Polícia Civil, 97 dos mortos tinham "históricos criminais relevantes" e 59 possuíam mandados de prisão pendentes. O comunicado oficial também informou que 17 dos indivíduos não tinham histórico criminal, mas que investigações posteriores indicaram que 12 deles apresentavam indícios de participação no tráfico de drogas em suas redes sociais.
A lista divulgada pela polícia refere-se aos mortos como "neutralizados" e detalha que 62 deles eram originários de outros estados, incluindo Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal. Segundo a Polícia, essa diversidade de origens demonstra a presença de "chefes de organizações criminosas de 11 estados da Federação" no Rio de Janeiro.
Até o momento, seis dias após a operação, o principal alvo da ação policial, Edgar Alves de Andrade, conhecido como "Doca", líder do Comando Vermelho (CV), permanece foragido. A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ) estabeleceu um observatório para monitorar a apuração do cumprimento da lei pelas polícias Civil e Militar durante a Operação Contenção.
Em Brasília, o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), agendou uma série de reuniões com autoridades do Rio de Janeiro para discutir a situação. Os encontros, que ocorreram nesta segunda-feira (3), incluíram o governador do estado, Cláudio Castro, e seus auxiliares da Segurança Pública, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o Procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o Defensor Público Geral do Estado do Rio de Janeiro e o Prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Na véspera, Moraes determinou a preservação "rigorosa e integral" de todos os elementos materiais relacionados à Operação Contenção, sublinhando a importância da transparência e da responsabilidade na condução das investigações.
"A preservação da cena dos fatos é fundamental para garantir a apuração completa e imparcial dos eventos ocorridos durante a Operação Contenção" - afirmou o ministro Alexandre de Moraes.