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Austrália contesta "detenção arbitrária" de blogueiro pelo governo da China

Por Da Redação

18/01/2022 às 15:58:00 - Atualizado há

O governo da Austrália um grupo de defesa dos direitos humanos manifestaram na segunda-feira (17) preocupação com o estado de saúde do blogueiro australiano Yang Hengjun, preso na China há três anos, sob acusação de espionagem, e ainda à espera de julgamento. Camberra classificou o caso como “detenção arbitrária de um cidadão australiano”, de acordo com a agência Reuters.

Yang, cidadão australiano nascido na China, escrevia sobre política, com foco sobretudo na China e nos Estados Unidos, e também é autor de uma série de livros de espionagem. Ele foi preso no dia 19 de janeiro de 2018 no aeroporto de Guangzhou, na China. À época, ele vivia em Nova York.

O Ministério das Relações Exteriores da China disse anteriormente que “as autoridades judiciais conduziram o caso em estrita conformidade com a lei, protegendo totalmente os direitos de litígio de Yang Hengjun”. O blogueiro, por sua vez, afirma que em momento algum atuou como espião a favor da Austrália ou dos Estados Unidos.

“Quando eu estava fora, um dos meus objetivos era defender o estado de direito. Não acreditava que acabaria me tornando vítima do governo que se impõe pelo poder”, escreveu Yang, que insta o governo chinês a revelar todos os detalhes de seu caso, para que se tornem de conhecimento público.

Yang Hengjun, blogueiro australiano preso na China (Foto: reprodução/Twitter)

Diplomatas australianos alegam que tiveram acesso negado ao tribunal em que Yang foi julgado em maio passado, sob o argumento de que o caso envolve segredos de Estado. Já a ministra australiana das Relações Exteriores, Marise Payne, pediu a libertação de Yang e contestou a demora em julgar o caso, destacando que o réu não teve acesso à família e apenas acesso limitado a advogados.

“Estamos muito preocupados que o veredito deste julgamento tenha sofrido vários atrasos”, disse Payne. “Nem o Dr. Yang nem o governo australiano receberam detalhes sobre as acusações contra ele ou a investigação, reforçando nossa opinião de que isso constitui a detenção arbitrária de um cidadão australiano”.

Elaine Pearson, diretora australiana da ONG Human Rights Watch (HRW), disse que as condições nas instalações de detenção da China são precárias e que a saúde de Yang é motivo de preocupação, algo também citado pelo governo australiano. “Estamos muito preocupados que a detenção de Yang tenha agravado seus problemas médicos e que o tratamento na prisão seja inadequado”, disse ela.

Amigos de Yang afirmam que os problemas de saúde do acusado incluem gota, tonturas, incapacidade de andar em determinados momentos, pressão alta e exames de sangue que mostraram risco de insuficiência renal. Qualquer esperança de que ele seja liberado para tratamento médico não pode ocorrer até que ele seja sentenciado, o que foi adiado para abril.

Por que isso importa?

A relação bilateral entre Austrália e China está desgastada. Um documento de 14 páginas vazado de forma deliberada pela Embaixada da China na Austrália em novembro do ano passado já apontava a grave deterioração nas relações entre os dois países. Nele, Beijing acusava o primeiro-ministro Scott Morrison de “envenenar as relações bilaterais”.

Antes disso, em outubro, o embaixador da China em Camberra, Cheng Jingye, anunciou que deixaria o posto ao fim do mandato.

A relação cordial entre os países começou a deteriorar em 2018, quando Camberra proibiu a Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira. E teve piora em 2020, quando a Austrália cobrou uma investigação independente sobre a origem do coronavírus em Wuhan, o que despertou a ira da China.

A resposta chinesa veio em forma de imposição de tarifas sobre produtos australianos, como vinho e cevada, além de importações limitadas de carne bovina, carvão e uvas australianas. Os Estados Unidos definiram o movimento como “coação econômica”. À época, as vendas de vinho do país ao Reino Unido cresceram quase 30% depois que a China aumentou taxas de commodities australianas. O país também chegou a “desencorajar” as fábricas de roupas do país de usarem o algodão australiano.

Já o Japão, entre outras questões, contesta os avanços de Beijing sobre o Mar da China Oriental. O país questiona a legislação e os esforços chineses de avançar sobre as águas de outras nações. Tóquio e Beijing já disputaram o território e o entorno das ilhas Senkaku no início da década de 2010. Os dois países, contudo, engavetaram a disputa e suas relações melhoraram desde então.

Fonte: A Referência
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