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Passaporte vacinal, lockdown ou liberar tudo: qual melhor política para conter a covid-19?

Por Da Redação

12/01/2022 às 18:05:14 - Atualizado há

Passaporte Vacinal

A União Europeia já adquiriu 4,6 milhões de doses e discute a realização de uma segunda campanha de reforço com a aplicação da quarta dose. Entre os países do bloco, cerca de 73% da população foi imunizada. A comunidade adotou a exigência de passaporte de vacina para a circulação interna.

A OMS prevê que 50% da população europeia poderá ser infectada pela ômicron em até dois meses. Os países mais afetados pela nova cepa são a França com mais de 296 mil casos diários, Itália com 155 mil e Reino Unido com mais de 141 mil contágios nas últimas 24 horas.

Na França, cerca de 5 milhões de pessoas recusam a imunizar-se. O presidente Emmanuel Macron disse que iria "incomodar" os negacionistas para promover a vacinação, o que o fez perder a popularidade nas últimas pesquisas de opinão para a candidata de extrema direita Marine Le Pen na disputa pela presidência.

"O passaporte da vacina não é uma novidade. Por exemplo a febre amarela, que é uma doença com a qual a gente convive há bastante tempo, que tem vacina e se exige comprovante de vacinação para inúmeros países. Qual é a novidade? É a força da extrema direita com o seu negacionismo, que fez surgir essa falsa discussão: ou passaporte da vacina ou enfrentar a desigualdade. Isso é o pior dos mundos", comenta Lúcia Souto, diretora do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES).

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Apesar de ter vacinado mais de 60% da população, México enfrenta nova onda da covid-19 pela variante ômicron / Alfredo Estrella / AFP

Na América Latina vários países também já adotaram a política do passaporte vacinal, como Bolívia, Peru, e o Equador, que exige comprovante de vacinação inclusive para a circulação entre estados.

Os únicos países da região que mantêm a postura de manter as fronteiras abertas com poucas restrições a pessoas não vacinadas são México e Brasil.

Nas últimas 24 horas, os mexicanos voltaram a bater um recorde de contágios com 33.626 novos casos, acumulando 4,1 milhões de contagiados, incluindo o presidente Andrés Manuel López Obrador, que contraiu a doença pela segunda vez, mas alega apresentar sintomas leves. Cerca de 63% dos mexicanos recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19.

:: Com predomínio da ômicron, Brasil tem maior taxa de transmissão desde março de 2021 ::

No Brasil, a nova variante aumentou em 2.000% o número de casos na primeira semana do ano e tornou-se predominante em menos de dois meses. A ômicron também é a variante dominante ao redor do mundo, informa a OMS.


A China voltou a confinar cerca de 20 milhões de habitantes e realizar testagens massivas como parte da política "covid zero" / STR / AFP

Lockdown e maiores restrições

Diante do ressurgimento de focos da covid-19, a China, que já vacinou 87% dos 1,4 bilhão de habitantes com ao menos uma dose das duas fórmulas, decidiu implementar o lockdown ou bloqueio total em três cidades. A nova etapa de isolamento social atingirá cerca de 20 milhões de habitantes e está ligada à política de "covid zero" implementada desde o início da emergência sanitária pelo governo chinês.

BdF Explica | A geopolítica das vacinas contra a covid-19

Há países que debatem medidas mais drásticas para conter o avanço do vírus. O presidente da Filipinas, Rodrigo Duterte, autorizou as autoridades de segurança a prender cidadãos que circulem pelo país sem ter se vacinado. Apenas 34% dos filipinos completaram o ciclo de imunização.

No Canadá os legisladores discutem impor multas àqueles que não se vacinarem, que representam cerca de 6 milhões de pessoas.

"A vacina não é 100% eficaz, ela é uma estratégia de saúde pública coletiva, então quanto maior o número de pessoas que se vacinam, maior a proteção da comunidade. Não é uma questão individual", explica a professora da Escola Bahiana de Medicina, Maria Fernanda Grossi.


Movimento na Rodoviária do Plano Piloto durante o primeiro dia de funcionamento do posto de vacinação contra a covid-19 / Fecomércio-DF

Brasil como ator global

Enquanto várias farmacêuticas anunciaram que estão trabalhando para produzir até março novas doses com composições voltadas a combater a ômicron, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou que o Brasil será capaz de distribuir 21 milhões de doses de fórmula nacional contra o vírus SARS-CoV-2, chegando a 130 milhões até junho.

"E até o final do ano poderíamos dobrar essa produção, chegando a 300 milhões de doses. E nós podemos doar vacinas aos países que precisam. Com isso começamos a ter força política e social para virar o jogo a nível global", defende Lúcia Souto.

As duas especialistas insistem que não é a falta de efetividade das vacinas que deixa mais distante o fim da pandemia, mas sim a concentração das doses.

Caso a imunização da população mundial aumentasse num nível mais acelerado que as infecções pela variante ômicron, poderíamos pensar num cenário em que a infecção causada por covid-19 torne-se endêmica, quando a presença do vírus é permenante e constante, mas não descontrolada.

"Ao que tudo indica vamos caminhando para isso, mas eu não ouso dizer que será assim, porque essa infecção nos surpreendeu desde o início. Então neste momento, com os dados que nós temos, a ômicron é menos patogênica, embora muito mais transmissível que as outras. O que estamos vendo é uma avalanche de casos, mas vamos torcer para que ela continue nesse caminho: dando quadros respiratórios mais leves", comenta Maria Fernanda Grassi.

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