O relógio ainda não marcava 14h quando a aposentada Railda Lima, 70 anos, chegou na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem nesta sexta-feira (31) para a última missa do ano. A celebração, que só começaria às 15h, foi o último evento antes do auge da festa da Boa Viagem no dia 1° de janeiro, quando a imagem de Bom Jesus dos Navegantes é trasladada para a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.
E era justamente por isso que Railda não poderia se dar ao luxo de correr o risco de não achar lugar na igreja. A espera de mais uma hora não foi nada para quem aguardava há mais de um ano por uma festa menos afetada pela covid-19.
"A ansiedade é grande, quero ver logo a procissão sair. É a coisa mais linda do mundo. Venho desde pequena e estou com muita saudade da festa do jeito que era antes da pandemia", conta Railda, que participa das celebrações da festa da Boa Viagem há tantos anos que perdeu a conta.
Toda expectativa de Railda se deve ao fato de que, de 2021 para 2022, não houve festa e nem a procissão marítima, que acontece há 200 anos.
Railda chegou cedo para garantir vaga na igreja (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) |
Desta vez, a missa ainda aconteceu sob protocolos, com a presença controlada de fiéis para que aglomerações não fossem geradas. Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha falou sobre a importância das celebrações ao Bom Jesus dos Navegantes e à Nossa Senhora da Boa Viagem.
"Não é uma procissão como antes, o que haverá é uma travessia que simboliza também a nossa passagem pela vida, mas que ainda é muito relevante para os fiéis", falou Dom Sergio, ressaltando que não se trata de uma procissão como a tradicional, em que embarcações acompanham as imagens.
Entre os fiéis que estavam lá, a ansiedade pela procissão era comum. "A expectativa é alta, sabemos que a festa não é a mesma sem a procissão. O povo se emociona, a gente também. Contando o tempo para ver", fala Ian Victor, 15, voluntário e devoto na paróquia há três anos.
Ian Victor estava ansioso pela travessia da imagem (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) |
O que, para alguns, seria a volta da tradição conhecida, foi para outros o dia de conhecer a galeota da gratidão. Izenilda de Jesus, 55, é de Riachão do Jacuípe e aproveitou o período de descanso em Salvador para conferir a festa que acompanha de longe há anos.
"Sou católica de nascença e sempre tive a vontade de vir aqui ver de perto. É uma coisa linda na televisão e, como estava aqui na região hoje, não pude deixar de comparecer", conta ela.
Após a missa, a imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes foi trasladada para a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
Correio 24 Horas