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"O Brasil que eu vou pegar em 2023 é muito pior que eu peguei em 2003", diz Lula

Por Da Redação

20/12/2021 às 09:01:57 - Atualizado há

O ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin se reuniram publicamente pela primeira vez desde começaram as articulações para uma possível aliança entre os dois para a disputa ao Planalto em 2022. Em jantar realizado nesse domingo (19) em São Paulo pelo grupo Prerrogativas, de advogados antilavajatistas, Lula e Alckmin, que se enfrentaram nas eleições de 2006, demonstraram entusiasmo com a parceria.

O ex-tucano disse que é hora de “união” e “grandeza política”. “O processo ainda está começando. É hora de grandeza política. É hora de união”, declarou Alckmin. Os dois se abraçaram e conversaram de maneira reservada, na presença de poucos convidados, protegidos por um biombo. Cerca de 500 pessoas participaram do jantar, pagando R$ 500 pelo convite. O valor arrecadado será doado para a campanha “Tem gente com fome”, da Coalizão Negra por Direitos.

Homenageado pelo Prerrogativas, Lula fez um discurso em que exaltou seu entusiasmo para voltar à Presidência depois de 12 anos. “Nenhum ser humano fica velho se tiver uma causa. A gente fica velho quando não tem motivação, não tem causa nobre. Por isso digo que tenho 76 anos, com energia de 30 e tesão de 20. Quero lutar e provar que o povo brasileiro vai reconstruir esse país”, discursou (veja a íntegra mais abaixo).

“Qualquer candidato pode ir pra televisão mentir, fazer promessas vãs. Eu não posso. Eu tenho um legado, tenho que fazer mais do que eu fiz. Vou encontrar uma realidade de fome mais forte, inflação mais forte, descrença mais forte, ódio propagado pelo atual governo”, ressaltou.

Em referência a Alckmin, Lula disse que a história passada entre eles não importa. “Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse. “É este o verdadeiro motivo pelo qual estamos reunidos aqui nesta noite: a nossa fé na democracia.”

O ex-presidente também defendeu calma no processo de definição de uma aliança. “Sei que o Brasil que eu vou pegar em 2023 é muito pior que eu peguei em 2003. Segundo, depende do meu partido. É um partido que tem uma história, o partido mais importante da esquerda brasileira”, afirmou. “Tenho que respeitar o Alckmin, quem vai dizer se a gente vai se juntar ou não é o meu partido e o partido dele. Então a gente tem que ter paciência”, declarou.

Lula destacou o legado de sua mãe na perseverança contra a fome e a pobreza. “Dona Lindu foi o primeiro e maior exemplo de perseverança que tive na vida. Quando não havia pão para dar de comer aos filhos, ela dizia: "Amanhã vai ter. Amanhã vai ser melhor". Cresci ouvindo de minha mãe o conselho que me acompanha por toda a vida: "Teima, meu filho, teima".”

O ex-presidente disse que, com o passar dos anos, descobriu que aquele conselho não era apenas para ele. “Aprendi que perseverar é um ato político. É uma arma na mão do oprimido, que o impede de desistir. Aprendi a teimar e a acreditar que amanhã vai ser melhor. Mas que é preciso lutar para construir esse amanhã.”

O jantar contou com a presença de juristas e outros políticos de diversos partidos. Entre eles, os governadores da Bahia, Rui Costa (PT), do Piauí, Wellington Dias (PT), e de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, do PSD, Gilberto Kassab, do PSB, Carlos Siqueira, do MDB, Baleia Rossi, e do Solidariedade, Paulinho da Força. Parlamentares como o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Omar Aziz (PSD-AM) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ), atualmente licenciado, também compareceram ao evento realizado no restaurante Figueira Rubayat, na capital paulista.

As negociações entre Lula e Alckmin passam pelo futuro partidário do ex-governador paulista, que deixou o PSDB na semana passada. PSB e PSD são cotados como os destinos mais prováveis. A aliança com o PSB passa por uma composição envolvendo Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) – um deles teria de abrir mão da candidatura ao governo de São Paulo. Já o PSD trabalha com a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e gostaria de ter Alckmin como seu nome ao governo paulista.

Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas recentemente. Segundo o Datafolha e o Ipec, ele desponta como favorito para vencer em primeiro turno.

Nova pesquisa aponta vitória de Lula em primeiro turno

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