Geral Imprensa

EXCLUSIVO: Vice-governador aceita concorrer de novo

Por Da Redação

19/12/2021 às 22:58:31 - Atualizado há

Líder inconteste completará 80 anos na próxima sexta-feira com uma saúde notável

Menos de 24 horas depois do governador Carlos Massa Ratinho Júnior revelar para a rádio Jovem Pan que tentará a reeleição em 2022 com o mesmo vice, Darci Piana concedeu entrevista exclusiva ao Npdiario e anunciou que aceita o desafio. Foi neste fim de semana após a última reunião e o almoço com os diretores do Sesc e Senac de todas regiões do estado na cobertura da sede da Fecomércio, na rua Visconde do Rio Branco, na Capital de todos os paranaenses.

Numa entrevista exclusiva deliciosa que durou pouco mais de duas horas, estava alegre e animado, contando finalmente todos os detalhes dos bastidores inclusive de quando as lideranças o procuraram antes das eleições do dia sete de outubro de 2018, quando a vitória veio ainda no primeiro turno com 59,99% dos votos válidos.

Darci Piana relatou casos pessoais, sobre sua história de vida e as expectativas para 2022. Citou números e dados de forma impressionante sem consultar nada nem ninguém.

Filho de Angelo Piana e de Augusta Bar­zotto Piana, nasceu no Rio Grande do Sul e se mudou ainda jovem para o Paraná. Economista formado pela Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Contador pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administração da Universidade Federal do Paraná.

É casado há 51 anos com Maria José Piana, com quem tem uma filha, Patrícia, professora universitária e empresária da área de comunicação e marketing, e esposa do publicitário argentino Joaquin Fernandez Presas.

Perdeu o filho Eduardo Luiz quando tinha 25 anos em desastre aéreo, em 1995.

Também preside a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR) , que congrega 63 sindicatos empresariais e expressa a voz de mais de 500 mil empresas paranaenses de comércio, serviços e turismo. Tem a função de representar legalmente o empresariado junto aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, assim como perante a sociedade.

A entidade acumula vitórias ao longo de seus mais de 70 anos de atuação, resultado de uma busca contínua por melhorias e benefícios para o segmento. Outra nobre atribuição da Fecomércio PR é a administração do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Paraná.

Empresário por décadas do segmento de peças e acessórios para veículos, foi superintendente regional da CFP (Companhia de Financiamento da Produção), no Paraná (1985-1987), torcedor e presidente do Paraná Clube (1992-1993), presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios no Estado do Paraná (1996-2003), fundador e primeiro presidente do Sinconcred/Cooperativa de Crédito do Sincopeças PR (2004-2007) e presidente do Conselho do Paranacidade (2005-2006).

Desde 2004, é presidente do Sistema Fecomércio e vice-presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), onde coordenou por oito anos o Fórum Consultivo Econômico Social do Mercosul. É também o atual presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Paraná.

Piana é imortal da APL (Academia Paranaense de Letras), onde ocupa a cadeira de número 29.

Cidadão Honorário do Estado do Paraná e da cidade de Curitiba, também recebeu este título de outros 20 municípios paranaenses. Entre as principais condecorações recebidas estão a Ordem Estadual do Pinheiro (Governo do Paraná), as comendas Ordem do Mérito Comercial (CNC), Colaborador Emérito do Exército (Exército Brasileiro), Emiliano Perneta (Centro de Letras do Paraná), Ordem do Mérito Comercial da Amazônia, Heróis da Lapa e Tropeiro da Lapa (Instituto Histórico da Lapa), as medalhas Pacificador da ONU Sérgio Vieira de Mello (Parlamento Mundial para Segurança e Paz), Coronel Sarmento (Polícia Militar), Medalha Presidente Carlos Cavalcante de Albuquerque (Corpo de Bombeiros), Mérito Santos-Dumond (Força Aérea Brasileira), Ordem do Mérito Militar (Exército Brasileiro), Tenente Max Wolff Filho (Legião Paranaense do Expedicionário) e Mérito da Casa Militar do Estado do Paraná.
Piana recebeu ainda mais de uma centena de outras homenagens e condecorações de entidades e órgãos pelos relevantes serviços prestados em prol do desenvolvimento socioeconômico paranaense e brasileiro.

“O Paraná está preparado para os próximos anos, com investimentos que vão transformar a realidade econômica e financeira do Estado”, disse o vice-governador ao jornalista Valcir Machado. Acompanhou o vice-presidente da Fecomércio e presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Santo Antônio da Platina, José Alex Fiigueira.

Natural de Carazinho (RS), Darci Piana é paranaense de coração, pois foi no Paraná que fincou raízes. O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) outorgou a ele o Título de Cidadão Honorário do Paraná. Piana radicou-se ainda jovem em Palmas, no sudoeste do Paraná e mudou-se para Curitiba aos 23 anos, para estudar e trabalhar.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista Piana, já confirmado para concorrer, na mesma função, com o governador Carlos Massa Ratinho Júnior.

NPDIARIOO senhor vai continuar no Governo? Até porque, o senhor não é só vice, o senhor é Governo.

DARCI PIANA — Eu vou responder com tranquilidade. Eu estou dando minha contribuição para o Estado do Paraná, como cidadão não nascido nesse Estado, mas tenho o Paraná no coração. Tudo o que eu tenho: meus bens, minha família, meus amigos, tudo foi o Paraná que me deu. Então estou dando a minha contribuição para o Paraná, retribuindo toda essa alegria, essa amizade que eu tenho aqui. Levei isso para o Governo, já fiz isso aqui na Federação do Comércio, no Sesc, no Senac, no Sindicato, no Sebrae, no G7. Eu tenho uma atividade muito intensa no Estado do Paraná, no setor produtivo.

Fui representante do Brasil, como empresário, no Fórum Econômico e Social do Mercosul durante sete anos, pela nossa Confederação. Então, participei de todas as negociações que existem no Mercosul, com a União Europeia. Infelizmente até hoje não saiu.

Tudo isso [essa experiência] levei ao Governo do Estado do Paraná, esse meu relacionamento. E a minha preocupação é aproximar o empresariado ao Governo do Estado, ao nosso Governador Ratinho, para que o empresário entenda como funciona o Governo. E também o contrário, fazendo com que o governo entenda como é que pensa o empresário, como ele age e o que ele precisa. E isso tem dado certo!

São mais de R$ 90 bilhões de investimento da iniciativa privada que já foram assinados no Governo do Estado. Se a gente somar mais os R$ 44 bilhões do pedágio, desses 3370 quilômetros de duplicação de rodovias, são mais R$ 7,5 bilhões por ano, porque agora vai ter que ser construída a segunda pista nos primeiros seis anos. Ao contrário do que acontece hoje, que ainda algumas segundas pistas nem terminadas foram.

Se considerarmos mais a nova ferrovia (Ferroeste), que vem lá de Maracaju (MS) até Paranaguá, no novo traçado, são mais R$ 28 bilhões. [O projeto consiste na extensão da linha da Ferroeste (250 km), com a implantação de três novos segmentos: Guarapuava à Paranaguá (400 km), chegando no Porto de Paranaguá; Cascavel à Foz do Iguaçu (180 km); Cascavel à Maracaju/MS (520 km), passando por Guaíra e Dourados/MS. Estamos falando aqui de R$ 170 bilhões, em recursos que já estão ajustados.

Então, o Estado do Paraná vai virar um canteiro de obras. O Paraná, neste ano de 2021, gerou 176 mil empregos com carteiras assinadas até outubro. É o maior índice nos últimos 20 anos. Até mesmo as obras nossas aqui da Federação do Comércio, do Sesc e do Senac está trazendo gente de outros estados para trabalhar aqui no Paraná. Porque tem alguns lugares não têm mão de obra.

Essa é a minha parcela de contribuição para o nosso governador Ratinho Junior. Estou fazendo o meu esforço, fazendo tudo isso. Se convenientemente for bom para ele [o governador] e for bom para o Estado do Paraná a minha permanência como vice, eu vou continuar sim. Mas, se eu tiver de disputar algum tipo de eleição, eu estou fora, porque não é essa a minha preocupação. A minha preocupação é ajudar e já que eu estou no Governo, dando a minha parcela de contribuição.

Eu acho que eu não faço sombra para o governador, não atrapalho. Muito pelo contrário. Eu tenho ajudado, tenho feito a minha parcela, sempre me mantendo no lugar de vice relacionando ele [o governador] com o empresariado de modo geral, com o setor produtivo, com as amizades que eu tenho no Estado inteiro, com essa participação efetiva que eu tenho no mercado do Paraná. Isso tem ajudado o Estado, com certeza. Então, eu vou continuar fazendo isso, se politicamente for conveniente, se essa for a intenção do nosso governador [Ratinho Júnior].

Eu estou à disposição. Estou fazendo o meu papel, e repito de novo, vou continuar se assim for necessário, se for bom para o governador Ratinho ajudar o nosso Estado. Então, estou à disposição ainda, apesar da minha idade. Mas estou com uma boa saúde. Não tenho preguiça. Trabalho 24 horas por dia se preciso for e vou colocar isso à disposição no meu Estado.

NP: Como foi o convite na primeira vez para ser vice, o senhor pode revelar agora os bastidores?

DP: Sim, vieram nesta mesma sala, o Ratinho, o Guto(Silva, então deputado estadual, hoje licenciado e Secretário-chefe da Casa Civl) e o Eduardo Sciarra(ex-deputado federal). Tentaram me convencer, mas eu não estava nem filiado a nenhum partido político(…). Da outra vez, vieram em dez! Acabaram me convencendo, mas eu tinha que consultar minha mulher.

NP: Como foi?

DP: Eu trabalho muito e nunca chego em casa antes das oito, nove horas da noite. Naquele dia, cheguei 15h30m sem avisar e ela se assustou, achou que eu estava passando mal. Eu falei: “Faz um café que eu conto”.

Ela ficou muito nervosa, derrubou o café no fogão, mas no fim concordou, com uma condição. Disse que não iria ficar empetecada (Arrumada) todos os dias. Eu ri e a gente se abraçou.

NPDIARIO — De onde vem tanta energia, tanta saúde e essa memória que parece um HD de computador?

DP Vou responder com muita tranquilidade. A gente fazendo aquilo que gosta, a gente faz com dedicação e com amor. Eu confesso. Eu sempre atendi pessoas. Eu sou um homem de vendas. Eu fui representante comercial. Eu comecei a minha vida no interior do Paraná, em Palmas. Vim para Curitiba e fui para o setor automotivo. Fui comprador de uma empresa que até hoje existe, que foi onde eu conheci o Carvalhinho [José Carlos Gomes Carvalho, o Carvalhinho, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, falecido em 2003].

Eu não vou contar a história toda porque vai demorar. Mas, eu comecei a minha vida de empresário dentro desse processo. Viajei o Paraná inteiro. Por isso que eu conheço muita gente. Tem muita gente que ficou rica com os produtos que eu levava. E como eu estudava Economia na Católica naquela época, eu aproveitava e ensinava o meu cliente como é que ele fazia para crescer. Eu fazia teste com aquilo que eu aprendia na escola com meus clientes. E ajudei muita gente a ficar rica.

Em Londrina, Bandeirantes, Rolândia, Apucarana, Maringá, Campo Mourão, Cascavel, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Francisco Beltrão, União da Vitória, aqui na Capital. Tem muita gente até hoje milionária com setor automotivo e eu servia de intermediário para ajudar essa.

Eu sempre trabalhei muito. Eu saí de casa para estudar com 12 para 13 anos e desisti da mesada com menos de 13 anos de idade. Eu fiquei a 600 quilômetros de distância da minha família, desistindo da mesada, porque não achava justo que eu, caçula de nove irmãos… eu sou neném com 5 anos de diferença da última irmã, não tinha ajudado meu pai a construir o que ele tinha e não era justo que eu gastasse o dinheiro daquilo que não ajudei a fazer.

Arrumei meu primeiro emprego sendo não com carteira assinada, cuidando de uma rodoviária em Palmas, em troca da comida, do quarto e da roupa lavada, sem salário. Aí comecei a criar um carreto para arrumar um dinheirinho, porque naquele tempo não tinha telefone e você tinha que avisar para o fulano retirar o pacote que chegou para ele.

Aí o seu Humberto Giotto, que era o dono do hotel e que me ajudou, disse: “Porque que a gente não faz uma tabelinha e você vai levar essa encomenda. Aí você ganha um dinheirinho para ir no cinema ou coisa parecida”. Primeiro dinheiro que ganhei eu comprei uma bicicleta para fazer mais ligeiro. E assim eu aprendi trabalhar. Depois eu vim fazer vestibular.

Cheguei aqui na capital com o sapato furado na sola, com duas calças de brim, um terno transpassado, com quatro botões, preto, com ombreira, tipo Sarney. Fiz vestibular, botei dinheiro suficiente para voltar para casa. Se não der certo, eu tenho dinheiro para voltar. E arrumei emprego na quarta-feira de cinza, de tarde. Eu prestei vestibular na sexta-feira de carnaval, que era o último dia, fiz a última prova e tinha que esperar o resultado. E esse resultado ia sair na quinta-feira.

E aí eu arrumei emprego na quarta-feira para trabalhar numa fornecedora de acessório como auxiliar de compra. No terceiro dia de trabalho o gerente de compras pediu transferência para o atacado interno. O presidente da empresa me chamou, e eu de bonezinho, de vestibulando, botei embaixo do braço, fui e me apresentei. Ele chegou e disse: “Você vai assumir o lugar do gerente”. Eu respondi: “O senhor está louco!” Ele m respondeu: “O que é isso, guri. Olha o respeito”.

Aí eu disse: “O senhor me perdoe. Eu estou há três dias na sua empresa e uma coisa eu aprendi. Já que o senhor está me dando a função de gerente de compras, se eu comprar de mais o senhor não vai ter dinheiro para pagar. Só vai ter problema. Se eu comprar de menos, vai cair as vendas”. Ele deu um murro na mesa e disse: “Se você em três dias já sabe tudo isso, que esse monte de gente que tem aqui não sabe, vou dobrar teu salário.” E eu passei a receber um salário em dobro.

E aí eu não sei a ser gerente de compras de uma empresa grande. Comecei a ter relacionamento com as fábricas que estavam chegando no Brasil, isso em 1964/68, quando as grandes fábricas de autopeças estavam começando a chegar, junto com o setor automotivo no Brasil. E eu comecei ver que tinham empresas que precisavam de representantes de vendas. Que daí eu iria ganhar muito mais do que ganhava.

Acabei saindo e montando uma empresa de representação e peguei 17 multinacionais, com produtos que só eu sou eu tinha. Isso aos 23 anos. Eu fiquei quatro anos nessa brincadeira e comecei a viajar pelo Paraná afora. Depois eu casei, fiz a segunda faculdade [Agronomia], aproveitando as horas que eu podia estar aqui na capital. Quando eu viajava para o interior, voltava e tinha que assistir todas as aulas para poder complementar pelo menos os 50% para não ir para segunda chamada, e fui crescendo.

Quando chegou determinada época, a gente trabalhava com 10% de comissão, começaram a passar para 7%, depois para 5%. Quando chegou a 3% eu disse: “Não vou trabalhar para esses gringos. Vou montar minha distribuidora.” E daí montei a minha distribuidora, que foi a segunda do setor. E eu fui, o segundo, se não o primeiro, maior distribuidor de motores MWM desse país. Equipava a GM, Ford, Volkswagen caminhão, Volvo, caminhão pequeno, Valmet, tratores Agrale e motor estacionário e marítimo. Eu tinha todos os produtos, também na parte Diesel de caminhões pesados.

NPDIARIO: E como foi na sequência?

DC: E aí montei também uma distribuidora de produtos leves, a CDP Distribuidora, ali na rua Marechal, na Vila Hauer. E fui crescendo. Mas comecei a ficar velho e meu filho [Eduardo Luiz] faleceu em 1995, num acidente aéreo de um planador, no Campeonato Brasileiro de Planador em Bebedouro (SP). São Paulo.

Ele cuidava da distribuidora de motores e eu da outra, que estava crescendo. E aí tive que juntar as duas empresas numa só. E a minha filha, que já trabalhava comigo, cuidava do dinheiro, mais nova do que meu filho, resolveu casar. O meu genro era professor universitário e ela começou a se engraçar com isso. Eu achei que não era justo fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Então eu disse que ela teria de escolher. Ela me disse: “Mas eu não posso deixar o pai.” Eu disse: “O pai já se virava antes de você estar aqui”. Daí ela abraçou a carreira, na qual está até hoje e ela é diretora da FAE Centro Universitário. E eu acabei tocando a empresa.

Até que acabei vendendo meus negócios todos de uma vez só para o grupo Comolatti, que é a maior empresa de autopeças desse país. E acabei me afastando dos negócios. Senão, não estaria aqui e talvez não estivesse nem no Governo, na condição de vice. Então, como eu trabalhei muito, viajei por esse Estado inteiro, praticamente conheço todos os municípios, pelo menos 70 a 80%.

Aí veio o futebol, fui presidente nos bons tempos do Paraná Clube. Fui o articulador naquela fusão (Pinheiros e Colorado) de um dos maiores patrimônios desse país, que lamentavelmente está na situação de hoje, mas ficou com um belo time, campeão brasileiro, 137 jogadores emprestados, melhor time do Paraná. A gente sabia que ia ganhar, só não sabia de quanto.

Fomos seis vezes campeão seguidos, desgastaram o clube, não fomos felizes nos presidentes que chegaram e a gente está aí nessa situação de hoje. Vamos esperar que agora, com o novo presidente, a gente consiga recuperar, porque tem muito patrimônio.

NPDIARIO — Qual a sua expectativa para a economia do Paraná em 2022?

DARCI PIANA — Nós temos uma inflação pela frente, que pode mudar todo o contexto do que vou dizer. O Estado do Paraná uma exceção para o país. Os investimentos que já citei aqui vão permitir que o Paraná esteja numa situação muito diferenciada dos outros estados brasileiros. Por ser um ano eleitoral, a gente não sabe o que vai acontecer. Mas, se se falasse menos e deixasse a economia andar, a gente ia deslanchar.

O governador me deu a missão de organizar um plano de recuperação pós-pandemia. E o que a gente imaginou? Quem sai na frente bebe água limpa. Eu disse: “Governador, nós estamos no azul. Se a gente sair na frente, vai buscar dinheiro da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do BNDS. E se a gente esperar não vai ter dinheiro para todos os estados brasileiros”. Ele respondeu: “Vamos fazer já isso.”

O governador colocou R$ 350 milhões no fundo de um banco de projetos. Quem tem projeto na mão arruma dinheiro. “Arrumamos” dinheiro da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, do BNDS, do Banco Mundial, do Bird, da Agência Francesa… ou seja, saímos na frente e nós não dependíamos como não dependemos hoje. Mas naquela época a gente não sabia o que ia acontecer no fim de 2020. A gente podia ter uma queda de receita e ir para o vermelho. E aí ficaríamos na dependência de o Congresso Nacional aprovar empréstimos externos. Com isso, a gente não precisa do Congresso Nacional.

Então a gente saiu na frente e garantiu mais de R$ 12 bilhões que, parte dessas obras que estão acontecendo hoje, do que não depende da iniciativa privada, é do Estado em função disso tudo. Se somarmos agora os R$ 90 bilhões que tem da iniciativa privada, mais os pedágios, a Ferroeste que vai ser licitado em abril ou maio, nós vamos crescer e vai ter mão de obra, vai ter emprego. E quem tem emprego vai ganhar salário e vai gastar onde? Vai gastar no comércio, no turismo. O Paraná vai ter todo um processo de desenvolvimento e vai crescer porque o comércio é o que mais contrata. Comércio, Serviços e Turismo, que são os três segmentos dessa entidade [Fecomércio]. Hoje, 63% da receita do governo saem daqui.

Ajustando isso, não vai ter problema. Agora, tudo pode atrapalhar. Primeiro uma crise institucional, numa eleição dessa que se avizinha, de um confronto de esquerda e direita, e a inflação junto com isso pode trazer alguns aborrecimentos. Mas eu sou daqueles caras que acredita que a gente vai conseguir superar essa dificuldade e sair ainda com sucesso.
NPDIARIO — E o agronegócio?

DARCI PIANA — O agronegócio paranaense é muito forte, apesar de não representar muito na história da economia. Mas já superou a indústria. Para o agronegócio propuseram agora o Plano 200, que seria atingir o volume de R$ 200 bilhões em 2030.

E eu otimista como sou, consciente e responsável como sou, disse ao José Aroldo Gallassini [presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo], ao José Roberto Ricken [presidente da Ocepar], ao Luiz Lourenço [presidente do Conselho de Administração da Cocamar] e todos os outros do setor: “Vocês vão atingir isso em 2025/2026.” Eles atingiram R$ 114 bilhões dos R$ 100 bilhões previstos inicialmente. Eles ultrapassaram a meta. Para esse ano, eles alcançaram R$152 bilhões. Ou seja, eu estou certo nas minhas previsões. O setor está investindo quase R$ 5 bilhões nas cooperativas.

Nós temos no Paraná quatro frigoríficos de suínos. Um deles, em Assis Chateaubriand, vai abater 18 mil suínos por dia. Ou seja, mil suínos por hora. O investimento é de R$ 2,5 bilhões e 5,5 mil empregos. Você tem ideia do que isso representa para a economia?

Agora você multiplica 18 mil suínos por dia, durante 23 dias. São 414 mil suínos por mês. Um suíno demora cerca de 5 meses para ir para o abate. São 1,5 milhão de suínos espalhados em criadouros. Vai ter de levar comida para eles nesse período, até que ele vá para o abatedouro. Depois, vai sair do frigorífico para o mercado e para o porto. Você tem ideia de quanto de recurso vai estar em circulação?

Tem dois criadores de suínos que, cada um, investiu R$ 700 milhões. Quantos caminhões vão levar comida dos silos e das fábricas de ração, que vão produzir para levar para esses criadores. Por isso, as cooperativas estão investindo em produção de alimentos.

Em Rolândia, a JBS comprou um frigorífico antigo, onde vai abater 380 mil aves por dia. O frigorífico vai processar carnes prontas, um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão. Só em Rolândia vai entrar quase R$ 2,5 bilhões, numa cidade daquele tamanho. Em Cambé, do lado de Rolândia, o Grupo Muffato está em fase final da instalação de uma fábrica de alimentos processados, também cortando o frango em pedaço. Está montando também um sistema de e-commerce, dentro de Cambé.

Em Telêmaco Borba, são R$ 10,6 bilhões de investimento da Klabin na segunda fábrica. Ali vai entrar dinheiro para todo mundo. A duplicação da rodovia PR-092, no Norte Pioneiro, também é outro exemplo. O Paraná não está crescendo com São Paulo por falta de rodovia.

Vamos investir em infraestrutura onde há menor produção, para incentivar o desenvolvimento. Essa é a nossa previsão para 2022.

NPDIARIO: Agradecemos pela entrevista.

DP: Eu quem agradeço.

FOTOS: Valdir Amaral/Especial para o Npdiario.

Fonte: NP Diário
Comunicar erro
Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo