Geral estética

"Pepeka" renovada: cresce procura feminina por cirurgias estéticas íntimas

Por Da Redação

06/12/2021 às 08:13:30 - Atualizado há

Procedimentos custam de R$ 4 mil a 15 mil

O desconforto ao usar uma calça justa, optar por uma camisa longa para esconder aquele volume que sobressai na roupa ou até um incomodo de vestir um biquíni na hora de ir para a praia. Essas são só algumas situações que justificam o aumento da procura por cirurgias íntimas pelas mulheres que estão, cada vez mais, aderindo a esse tipo de procedimento estético para repaginar a ‘pepeka’, resolver alguns problemas funcionais e se sentir melhor com o seu corpo também. 

Segundo o levantamento mais recente divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (International Society of Aesthetic Plastic Surgery, ISAPS), no Brasil, a labioplastia – ou seja, o procedimento que altera o tamanho dos lábios internos e externos da vulva – está entre as oito cirurgias de corpo e extremidades mais realizadas no país. Em 2019, foram 30.356 intervenções.

O Brasil é o primeiro do ranking em procedimentos cirúrgicos de corpo e extremidades com 577.357 mil no mesmo período.  A pesquisa global com os dados de 2020 já está em andamento recolhendo informações de cirurgiões plásticos em todo o mundo para fornecer estatísticas sobre o número e tipo de procedimentos estéticos mais demandados no último ano. 

A ginecologista, presidente da Associação Brasileira de Cosmetoginecologia (ABCGIN) e sócia da do Spa Íntimo da Clínica Emeg, em Salvador, Ana Cristina Batalha é uma das profissionais especialistas em ginecologia regenerativa, estética e funcional, que já percebem o crescimento desse movimento, sobretudo, nos últimos dois anos.  Se antes ela realizava duas cirurgias íntimas por mês, agora, esse número aumentou seis vezes no mesmo período, somando, no mínimo, 12 procedimentos. 

“O fato da mídia está falando mais sobre o assunto, pessoas famosas também optando por esse procedimento faz com que a cirurgia íntima fique mais evidente. Muitas pacientes chegam dizendo que não sabiam que existia esse tipo de tratamento, essa possibilidade para resolver um problema que incomoda por tanto tempo. Nos dois últimos anos, o aumento foi de uma forma muito crescente”, afirma a especialista.  

Influencers como a advogada Deolane Bezerra, viúva do cantor MC Kevin e Viviane Felício, mãe da ex-BBB Viih Tube estão entre as que aderiram ao procedimento estético.  A cirurgia íntima é realizada na parte mais externa da vulva, composta pelos grandes e pequenos lábios ou na vagina, canal que vai da vulva até o útero.  

Ana Cristina Batalha realiza, em média, 12 cirurgias íntimas por mês
(Foto: Divulgação/ Clínica Emeg)

No consultório, as mais procuradas são a labioplastia interna, a capuzplastia, a labioplastia externa, redução do monte de vênus, a redução do clitóris e a cirurgia de plicoma anal. O valor do procedimento vai R$ 4 mil a R$ 15 mil, porém, é possível realizá-lo pelo SUS nos hospitais universitários, como complementa Ana Cristina Batalha: 

“A principal dúvida dessas mulheres é sempre se há perda de sensibilidade. Todas que desejam fazer esse tipo de procedimento sempre ficam preocupadas com essa possibilidade, mas usando as técnicas corretas fazendo com um profissional experiente, não tem esse risco. A cirurgia dura em torno de 1h30 a 3h e não necessita de internação. Pode ser feita no próprio consultório ou em um hospital dia”. 

Manoela* fez a cirurgia de redução do monte de vênus. “Como sempre fui gordinha, não me sentia à vontade com essa parte do meu corpo. Minha autoestima melhorou muito depois do procedimento. Só quem é mulher, passa por isso, sabe o quanto incomoda e percebe a diferença. Meu marido até falava: ah, que besteira, não precisa, não tem necessidade. Mas a cirurgia era para mim. Não era para o meu companheiro nem para ninguém, era para eu me sentir melhor”, conta.

Além de retirar a gordura do local ela ainda ganhou um ‘plus’. “A cirurgia removeu o excesso de gordura, pele e deu uma levantada no monte de vênus. Então, além de ter diminuído, o lifting, deixou ainda melhor. A cicatriz é imperceptível. Hoje eu consigo usar uma calça justa, fazer atividade física sem me preocupar se está marcado, ir para a praia. Parece aquela ‘pepeka’ de quando você nasceu, novinha. Deu uma zerada. É aquela coisa de você sair do fusca e ir para uma BMW”. 

No pós-operatório, existem algumas restrições nos primeiros 30 dias, na prática de relação sexual, atividade física e banho de imersão (banho de banheira e piscina). A plástica vaginal dói? Quem responde é a ginecologista Ana Cristina Batalha.

“Essa é outra dúvida constante, se vai doer no pós-operatório ou não. Mas, por incrível que pareça, não é um procedimento muito doloroso e a recuperação é, de fato, bem rápida. Quando você coloca essa paciente no ponto de vista funcional e estético com algo que lhe agrade, a auto estima dela melhora e o desenvolvimento sexual também”, garante. 

Cuidados
A médica Clarice Haddad, 37 anos, é uma das que recorreram a cirurgia intima para reduzir as ninfas (lábios vaginais). “Me incomodava o fato da urina não sair no jato certo, mudar o curso por conta do tamanho das ninfas. Esteticamente, desde o pós-operatório, o resultado veio de imediato. Sem o excesso de pele e agora a urina sai com jato direto para o vaso sanitário. Se o que incomoda e pode ser melhorado, por quê não fazer?”. 

Qualquer tipo de cirurgia na genitália feminina deve ser analisada com cuidado, como ressalta a ginecologista, Ana Cristina Batalha. É fundamental a paciente ser examinada para identificar a necessidade real de um procedimento. “Muitas pacientes, por moda, querem fazer a cirurgia ou tem o que chamamos de dimorfismo corpóreo, que quando ela não tem uma patologia e se enxerga como se tivesse”. 

A ideia da “vagina perfeita”, muitas vezes, é distorcida. “A gente faz o registro fotográfico, examina e mostra para a paciente esses detalhes da genitália dela, porque existem situações que ela tem uma referência de genitália distorcida, baseada em revistas que usam photoshop em filmes pornôs com atrizes selecionadas para estar ali. Então, a gente tem que avaliar, tirar todas as possibilidades de distúrbio psíquico”, acrescenta. 

Pioneirismo baiano
Até pouco tempo, qualquer intervenção cirúrgica relacionada ao aumento do clitóris era considerada impossível para não comprometer a sensibilidade da mulher. A ginecologista baiana Ana Cristina Batalha desenvolveu uma técnica pioneira para tratar mulheres com hipertrofia clitoriana sem que isso interfira no prazer feminino.

A inovação já levou a especialista a ser convidada para compartilhar seu trabalho de reconstrução e regeneração genital em diversos congressos internacionais de ginecologia e medicina estética como nos EUA, Portugal e Egito. Neste último, que aconteceu no meio do ano, a Ana Cristina foi a única brasileira entre as palestrantes.
 

*Nome fictício, a personagem pediu para não ser identificada pela reportagem


AS CIRURGIAS ÍNTIMAS MAIS COMUNS

. Capuzplastia 
A capuzplastia é o procedimento para pacientes com excesso de pele cobrindo o clitóris.

. Clitoroplastia
Já a clitoroplastia para quem deseja reduzir o comprimento do clitóris. No geral, a condição pode estar associada à fatores genéticos e também ao uso excessivo de anabolizantes. 

. Redução do Monte de Vênus
A monsplastia reduz o excesso de pele e/ou acúmulo de gordura localizada na região do púbis. O procedimento pode ser feito com o laser, associado à lipoaspiração, que é capaz de derreter a camada gordurosa e estimular colágeno por meio do calor, o que diminui a flacidez, ao mesmo tempo em que cauteriza os vasos, evitando lesões.

. Cirurgia de Plicoma Anal
o plicoma é também um excesso ou saliência de pele, porém, nesse caso ele, normalmente, se localiza no períneo em direção ao ânus. Não chega a causar dor nem tem sintomas associados e só são percebidos durante a higienização do ânus ou ato sexual. Inclusive, são mais comuns em mulheres que já engravidaram e pessoas acima do peso. Porém, a causa pode estar ligada a outros fatores como fissuras anais, hemorroidas, constipação e até pela prática de sexo anal. O procedimento pode aliviar coceira e sensação de inchaço no ânus e auxilia na higiene da região.
 


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