Geral Política

Senado aprova André Mendonça no STF e confirma 2ª indicação de Bolsonaro

Por Da Redação

01/12/2021 às 19:37:39 - Atualizado há

Antes mesmo de ser questionado, Mendonça buscou se justificar sobre o episódio em que solicitou aberturas de inquérito contra adversários de Bolsonaro, com base na Lei de Segurança Nacional.

Explicou que a legislação ainda estava em vigor naquela ocasião e que o presidente se “sentiu ofendido em sua honra” e ele, como ministro da Justiça, deveria agir sob risco de ser responsabilizado por prevaricação.

“Em suma, minha conduta sempre se deu em estrita obediência ao dever legal e em função do sentimento de ofensa à honra da pessoa ofendida, mas jamais com o intuito de perseguir ou intimidar”, afirmou.

Outra fala vista como um aceno aos senadores foi a condenação feita por ele das delações premiadas e na linha de que “não se pode criminalizar a política”. Mendonça foi apontado como próximo à Operação Lava Jato e mensagens apontaram que ele se reuniu com integrantes da força-tarefa e atuou para impulsionar a agenda política dos procuradores.

“Também entendo que uma delação premiada não é elemento de prova. Eu não posso basear uma convicção com base em uma delação. Delação não é acusação”, afirmou.

Em outro aceno aos senadores, enalteceu o trabalho da CPI da Covid e apontou a possibilidade de desvio de condutas de autoridades durante o enfrentamento da pandemia.

“Nesse contexto, eu queria dizer que, em muitos momentos, eu pude observar que as autoridades foram aprendendo durante o processo. Logicamente, as situações podem ter extrapolado o que é o erro da má gestão e, às vezes, do desvio de conduta”, afirmou.

A indicação de André Mendonça para uma vaga no Supremo Tribunal Federal se tornou uma das principais disputas políticas recentes, envolvendo o Palácio do Planalto e o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O presidente Jair Bolsonaro cumpriu sua promessa de indicar um candidato terrivelmente evangélico e enviou ao Senado o nome de Mendonça no dia 13 de julho deste ano.

No entanto, Alcolumbre manteve a indicação em sua gaveta, recusando-se a pautar a sabatina do indicado pelo chefe do Executivo. Nos bastidores, atribui-se a resistência do presidente da CCJ à sua preferência pelo atual procurador-geral da República, Augusto Aras, para a vaga no STF.

Além disso, Alcolumbre entrou em rota de colisão com o Planalto ao perder o controle sobre a distribuição de emendas parlamentares.

Foram mais de quatro meses de disputa, que se encerrou na semana passada quando Alcolumbre anunciou que marcaria a sabatina, após pressão de evangélicos, de parlamentares e até mesmo do seu aliado, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Pacheco marcou um esforço concentrado para a votação de autoridades e afirmou ter “certeza” que o presidente da CCJ pautaria a sabatina de Mendonça nesse período.

Por outro lado, Alcolumbre também vinha dizendo a interlocutores que apenas agendaria a análise de Mendonça na comissão quando tivesse certeza que a indicação seria derrubada pelo plenário. O senador pelo Amapá trabalhou fortemente nos bastidores para reverter votos a favor do ex-advogado-geral e para diminuir o quórum da sessão, tornando mais difícil a aprovação.

A aprovação de Mendonça, portanto, representa um duro golpe em Alcolumbre.

Apesar da prevista folga na votação da CCJ, senadores governistas e contrários à indicação de Mendonça consideravam o panorama no plenário incerto. Diziam que as chances de aprovação e rejeição estavam divididas em 50%, com qualquer resultado sendo possível.

Senadores também apontam que Mendonça acabou abandonado pelo Palácio do Planalto. O presidente chegou a realizar alguns gestos, como gravar um vídeo pedindo votos ao lado do próprio Mendonça. O material, no entanto, acabou sendo divulgado pelo pastor Silas Malafaia. Não foi postado nas redes sociais de Bolsonaro, que também não enviou o material para senadores e líderes de bancada.

Aliados afirmam que Bolsonaro chegou a defender o nome de Mendonça em conversa com parlamentares com quem se encontrou no Palácio do Planalto. No entanto, não tomou a iniciativa de ele próprio tentar articular votos em favor de seu ex-ministro.

Líderes das principais bancadas do Senado também afirmam que não receberam contatos de líderes e senadores governistas, na tentativa de influenciar votos a favor de Mendonça. O próprio filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), era apontado como articulador de uma eventual indicação de Aras.

Após a sessão na CCJ, Flávio Bolsonaro disse que seu pai “fez o trabalho dele, fez o que tinha que fazer, cuidando do indicado dele”.

Na ausência de apoio do governo, coube ao próprio Mendonça e a líderes evangélicas trabalhar por sua aprovação. Pastores chegaram a oferecer aviões para que senadores viessem a Brasília para votar pela aprovação do ex-advogado-geral da União.

André Luiz de Almeida Mendonça é advogado de formação e foi servidor de carreira na Advocacia-Geral da União. Com a posse de Jair Bolsonaro, chegou ao posto máximo no órgão, tornando-se advogado-geral da União.

Em abril de 2020, foi escolhido ministro da Justiça por Bolsonaro, para ocupar o lugar de Sergio Moro, que deixou o governo. Viu-se envolvido numa polêmica ao assinar habeas corpus em favor do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, intimado a depor pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes por críticas durante reunião ministerial contra ministros da corte –ato sem precedentes de um ministro da Justiça.

A atuação dele no Ministério da Justiça também levantou dúvidas entre os parlamentares, que a consideravam autoritária. Durante a gestão dele, a pasta foi acusada de produzir um dossiê contra 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários.

Voltou ao cargo de advogado-geral da União um ano depois, deixando a AGU apenas ao ser indicado para uma vaga no Supremo em julho deste ano.

Mendonça também ganhou a antipatia de parte do mundo político por sua defesa e proximidade com integrantes da operação Lava Jato. Arquivos apreendidos na Operação Spoofing mostram que André Mendonça se reuniu com procuradores da força-tarefa em 2019 e articulou com eles estratégias para impulsionar a agenda política deles. Os documentos circularam entre os senadores, aumentando a resistência a sua indicação.

PRÓXIMAS APOSENTADORIAS NO SUPREMO

GOVERNO 2023-2026?
Ricardo Lewandowski (mai.23)
Rosa Weber (out.23)

GOVERNO 2027-2030?
Luiz Fux (abr.28)
Cármen Lúcia (abr.29)
Gilmar Mendes (dez.30)

GOVERNO 2031-2034?
Edson Fachin (fev.33)
Luís Roberto Barroso (mar.33)

GOVERNO 2039-2042?
Dias Toffoli (nov.42)

GOVERNO 2043-2046?
Alexandre de Moraes (dez.43)

GOVERNO 2047-2050?
Kassio Nunes Marques (mai.47)
André Mendonça, se confirmado (dez.47)

Fonte: Banda B
Comunicar erro
Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo