Saúde NOVA MUTAÇÃO

Paraná já registrou a circulação de 38 variantes da Covid. Ômicron preocupa

Por Rodolfo Luis Kowalski

01/12/2021 às 14:12:14 - Atualizado há
Vacinação e cuidados sanitários são as principais armas contra as variantes da Covid-19 (Foto: Daniel Castellano / SMCS)

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, o Paraná já registrou a circulação de pelo menos 38 variantes e sublinhagens de SARS-CoV-2, o vírus que provoca a Covid-19 - e você pode conferir ao final da reportagem a lista completa com as variantes identificadas no Paraná. Agora, o mundo se preocupa com uma nova cepa, a Ômicron, originária do sul da África.


O alerta já fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicasse uma lista de restrição de voos e desembarque no Brasil vindos de Angola, Malawi, Moçambique, Zâmbia, África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, que começa a valer a partir de hoje.

Ontem, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba informou que está tomando providências para monitorar a chegada à capital de pessoas possivelmente infectadas com a nova variante do coronavírus.

O Centro de Epidemiologia da SMS faz um alerta aos passageiros que tenham desembarcado em Curitiba nos últimos sete dias, vindos de outros países, principalmente dos dez com recomendação de restrição pela Anvisa.

A recomendação é que essas pessoas permaneçam em quarentena por 14 dias. Além disso, explica a infectologista Marion Burger, todas devem entrar em contato com a SMS pelo telefone 3350-9000. As equipes de vigilância do município farão o monitoramento das condições de saúde desses viajantes.

Segundo Marion, tanto essas pessoas quanto aquelas com quem elas tiveram contato em Curitiba serão submetidas a testes de covid-19 durante o período da quarentena.

A Central 3350-9000 da SMS funciona todos os dias da semana, das 8h às 20h.

No Brasil, ainda não foi registrado nenhum caso da Ômicron. Um caso suspeito de um recém chegado da África é investigado.

Circulação de variantes

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, o Paraná já registrou a circulação de pelo menos 38 variantes de SARS-CoV-2, o vírus que provoca a Covid-19. Elas tiveram a presença no estado confirmada após o envio de testes RT-PCR positivos de paranaenses para sequenciamento genômico na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros laboratórios, como o da Fundação Ezequiel Dias (Funed), num trabalho sob orientação da Rede Genômica Fiocruz e do Ministério da Saúde.

Segundo informações da Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa-PR), o Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) envia quinzenalmente amostras para investigação e monitoramento das cepas circulantes no Paraná. A seleção é feita de forma aleatória e cumpre critérios técnicos e epidemiológicos, ou seja, refletem um recorte de um cenário e servem de balizador de pesquisa e informação.

O Bem Paraná, então, realizou um levantamento a partir de dados inseridos na plataforma internacional de dados genômicos GISAID e disponibilizados no dashboard de vigilância genômica do SARS-Cov-2 no Brasil. E assim descobriu que há um total de 38 sub-linhagens ou variantes cuja circulação já fora confirmada no Paraná desde setembro de 2020, primeiro mês com dados disponíveis, até outubro de 2021, o mês mais recente com informações já divulgadas. Dentre elas, um total de 21 são consideradas Variantes de Interesse (VOI) ou Variantes de Preocupação (VOC) e outras 17 são classificadas como "não VOC/VOI".

Os resultados, obtidos a partir da análise de 1.938 amostras (testes RT-PCR positivos), revelam ainda que as cepas ou linhagens mais identificadas no estado desde o ano passado são a Gama (1.226 registros ou 63,3% do total) e a Delta (436 ou 22,5%), sendo que só nos últimos três meses (agosto, setembro e outubro) foram divulgadas análises positivas para 15 sub-linhagens diferentes do agente infeccioso, com especial destaque às variantes AY.101 (209 registros ou 62,2% do total), AY.99.2 (38 ou 11,3%), P.1 (também 38 ou 11,3%) e P.1.7 (19 ou 5,65%).

As duas primeiras variantes (AY.101 e AY.99.2) fazem parte da linhagem Delta, conhecida desde o final de 2020, considerada mais transmissível e que nos últimos meses se tornou dominante em diferentes regiões. Já a sub-linhagem P.1 e P.1.7 é da cepa Gama, vista pela primeira vez no Brasil e também considerada mais agressiva que a primeira variante do SARS-CoV-2 (a D614G, identificada no início de 2020) porque teria maior capacidade de transmissão e também seria capaz de neutralizar e escapar da atividade de anticorpos, aumentando o risco de reinfecção.

Ministro da Saúde pede tranquilidade

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou neste domingo (28) que a principal arma contra a Covid-19 é a vacinação. Mais cedo, o ministro realizou uma transmissão ao vivo nas redes sociais durante reunião de trabalho sobre a variante Ômicron do novo coronavírus.

Segundo Queiroga, o cenário epidemiológico no Brasil é de maior tranquilidade em função da campanha de vacinação. Até o momento, foram distribuídas aos estados 372 milhões de doses, sendo que 308 milhões já foram aplicadas na população.

"Gostaria de tranquilizar todos os brasileiros, porque os cuidados com essa variante são os mesmos cuidados com as outras variantes. A principal arma que nós temos para enfrentar essas situações é a nossa campanha de imunização", afirmou.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, as medidas de proteção contra a Covid-19 devem ser mantidas. "É extremamente importante que mantenhamos foco na campanha de vacinação e que mantenhamos as medidas chamadas não farmacológicas [uso de máscaras], evitarmos aglomerações públicas, higienização das mãos, álcool em gel e etiqueta respiratória", disse.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante Ômicron pode se tornar responsável pela maior parte de novos registros de infecção pelo novo coronavírus em províncias sul-africanas.

Um dos grandes medos da variante é a possibilidade dela ser portadora de dezenas de mutações genéticas que podem afetar os índices de contágio e de letalidade. A OMS, entretanto, afirmou que ainda não há estudos suficientes para afirmar as propriedades da Ômicron, mas que já existem esforços científicos acelerados para estudar as amostras.

Boletim trraz só uma morte por Covid no Paraná

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou ontem mais 306 casos confirmados e uma morte — referentes aos meses ou semanas anteriores e não representam a notificação das últimas 24 horas — em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus.

Os dados acumulados do monitoramento da Covid-19 mostram que o Paraná soma 1.571.688 casos confirmados e 40.550 mortos pela doença.

Curitiba — A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba não divulga mais boletins nos fins de semana. Portanto, o último dado disponível é da sexta-feira passada.

Neste boletim eram 54 novos casos de Covid-19 e o óbito de uma moradora da cidade de 69 anos pela doença. Até o momento foram contabilizadas 7.793 mortes na cidade e 298.321 moradores de Curitiba que testaram positivo para a Covid-19 desde o início da pandemia.

Eram 1.160 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.


Brasil — O Brasil registrou ontem 4.043 novos casos e 92 mortes pela Covid-19. Com isso, o total acumulado na pandemia é de 22.080.906 de casos e 614.278 mortes. Os dados são do Ministério da Saúde.

Lista completa de variantes do SARS-CoV-2 identificadas no Paraná

Variante

Classificação

Quantidade

AY.100 (Delta)

VOC/VOI

3

AY.101 (Delta)

VOC/VOI

354

AY.102 (Delta)

VOC/VOI

4

AY.111 (Delta)

VOC/VOI

1

AY.116 (Delta)

VOC/VOI

15

AY.122 (Delta)

VOC/VOI

1

AY.34 (Delta)

VOC/VOI

4

AY.38 (Delta)

VOC/VOI

4

AY.46.3 (Delta)

VOC/VOI

4

AY.53 (Delta)

VOC/VOI

1

AY.99.2 (Delta)

VOC/VOI

40

B.1.1

Não VOC/VOI

9

B.1.1.277

Não VOC/VOI

2

B.1.1.28

Não VOC/VOI

66

B.1.1.318

Não VOC/VOI

1

B.1.1.33

Não VOC/VOI

14

B.1.1.333

Não VOC/VOI

1

B.1.1.37

Não VOC/VOI

1

B.1.1.7 (Alfa)

VOC/VOI

20

B.1.362

Não VOC/VOI

1

B.1.375

Não VOC/VOI

1

B.1.498

Não VOC/VOI

1

B.1.499

Não VOC/VOI

1

B.1.617.2 (Delta)

VOC/VOI

5

C.36

Não VOC/VOI

1

C.37 (Lambda)

VOC/VOI

1

N.10

Não VOC/VOI

1

N.5

Não VOC/VOI

1

N.9

Não VOC/VOI

3

P.1 (Gama)

VOC/VOI

1096

P.1.10 (Gama)

VOC/VOI

1

P.1.12 (Gama)

VOC/VOI

11

P.1.14 (Gama)

VOC/VOI

27

P.1.17 (Gama)

VOC/VOI

2

P.1.7 (Gama)

VOC/VOI

86

P.1.8 (Gama)

VOC/VOI

3

P.2

Não VOC/VOI

145

P.7

Não VOC/VOI

6

TOTAL

38 variantes

1938 amostras

CEPAS VOC/VOI

21 variantes

1683 amostras

CEPAS NÃO VOC/VOI

17 variantes

255 amostras

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