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A Grande Mancha Vermelha de Júpiter é ainda mais profunda do que se pensava

Por Da Redação

28/10/2021 às 17:56:41 - Atualizado há

Em 2011, a NASA lançou a sonda Juno rumo a Júpiter, chegando lá em 2016 para nos ajudar a saber mais sobre o gigante gasoso. Já nesta quinta-feira (29), novos artigos foram publicados descrevendo as descobertas atmosféricas mais recentes conduzidas pela sonda. Os dados reforçaram que a atmosfera joviana dá pistas sobre processos que ocorrem abaixo das nuvens, mas que não podem ser vistos e, além disso, os resultados mostram também o funcionamento dos cinturões e zona de nuvens envolvendo o planeta, além de seus ciclones — e, claro, da Grande Mancha Vermelha.

A Juno fez quase 40 passagens pertinho de Júpiter e, em cada uma delas, seus instrumentos aproveitaram para observar o que há abaixo da camada de nuvens. “Antes, a Juno nos surpreendeu com indicativos de que os fenômenos na atmosfera de Júpiter iam mais fundo do que esperávamos”, afirma Scott Bolton, investigador principal da sonda. “Agora, estamos começando a juntar todas essas peças para conseguirmos nosso primeiro entendimento real de como a bela e violenta atmosfera de Júpiter funciona — e tudo isso em 3D”.

Comparação de Júpiter na luz infravermelha (esquerda) e na luz visível (direita) (Imagem: Reprodução/International Gemini Observatory/ NOIRLab/ NSF/ AURA/ NASA/ ESA/ M.H. Wong/ I. de Pater (UC Berkeley) et al.)

O radiômetro de micro-ondas da sonda permitiu que os cientistas observassem o que há abaixo do topo das nuvens dos planetas para, assim, analisar a estrutura das tempestades do planeta. Pois bem, os novos resultados mostram que os ciclones de Júpiter são mais quentes na parte superior, têm menor densidade atmosférica e são mais frios na parte inferior. Já os anticiclones, que giram na direção oposta, são mais frios na parte superior e mais quentes na inferior. Essas tempestades parecem ser maiores do que se pensava, sendo que algumas chegam a 100 km abaixo do topo das nuvens.

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Outras, incluindo a Grande Mancha Vermelha, se estendem por mais do que se esperava — esta, por exemplo, chega a 500 km abaixo do topo das nuvens, e parece estar relacionada a jatos que vão ainda mais fundo. Isso sugere que a atmosfera superior e inferior do planeta têm relação, e uma estaria ligada à outra. Já as flutuações do campo gravitacional de Júpiter mostraram que, além da profundidade de 500 km, ela parece ser alimentada por jatos que chegam a 3.000 km de profundidade.

Além das tempestades

Júpiter é também muito conhecido por cinturões e zonas, regiões brancas e vermelhas das nuvens que envolvem o planeta. A Juno já havia descoberto que ventos fortes, vindos de leste para oeste, separam essas faixas e alcançam profundidade de 3.200 km. Ainda não está claro como essas “correntes de jato” se formam, mas uma possível dica é que a amônia gasosa da atmosfera se mova para cima e para baixo, acompanhando o alinhamento dos jatos.

Cinturões coloridos no hemisfério sul de Júpiter, em registro feito pela Juno (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin M. Gill)

Keren Duer, autor principal de um dos estudos, explica que a equipe acompanhou a amônia e encontrou células de circulação nos hemisférios sul e norte, parecidas com as "células de Ferrel", responsáveis por controlar o clima na Terra. “Enquanto a Terra tem uma por hemisfério, Júpiter tem oito, cada uma pelo menos 30 vezes maior”, mencionou. Os dados do instrumento da sonda mostraram que os cinturões e zonas passam por transições a 65 km abaixo das nuvens d"água no planeta.

Em profundidades mais rasas, os cinturões ficam mais brilhantes nas ondas de micro-ondas, mas, em níveis mais profundos abaixo de nuvens d"água, ocorre um fenômeno oposto. Por fim, a Juno já havia mostrado que tempestades gigantes nos polos do planeta se organizam em formas poligonais — no hemisfério norte, oito ficam em um padrão octogonal, e no sul, cinco ficam em forma pentagonal. Agora, os cientistas da missão usaram o instrumento Jovian Infrared Auroral Mapper (JIRAM) e determinaram que os fenômenos seguem no mesmo lugar.

Alessandro Mura, autor principal de outro dos novos artigos, explica que “os ciclones de Júpiter afetam o movimento de um dos outros, o que faz com que eles oscilem em uma posição de equilíbrio”, disse. Assim como na Terra, esses ciclones tentam se mover em direção aos polos, mas aqueles no centro de cada um acaba “empurrando-os” de volta, criando um equilíbrio que explica a posição e a quantidade deles em cada polo do planeta.

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Fonte: Canal Tech
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