Polícia Guerra injustificável

LIVRO "PARA ONDE VÃO AS BORBOLETAS À NOITE"

Por Da Redação

09/10/2021 às 10:36:34 - Atualizado há

A obra trata da história de um menino, Nagib, de doze anos (ele começa a história com essa idade) em meio à guerra na Síria. Melhor dizendo, sua luta para fugir e/ou sobreviver aos horrores da guerra. Sim, aos horrores. A palavra é essa. Como disse, Andreia não nos tem protocolar benevolência. É um livro sobre guerra, e a crueza dela nos é mostrada a cada página. A leitura não é facilitada.

O abri com o meu citado preconceito com iniciantes que, corajosos, assinam um livro e assumem o risco das críticas. Ou, pior, do ostracismo, num país em que a leitura deu lugar ao grupo de Whats da família. A ignorância hoje, ao que parece, é motivo de orgulho. Mas caso não fosse bom, eu o abandonaria. Não tenho melindres quanto a isso. Se a leitura dalgum livro se torna enfadonha, eu o largo ao inóspito do armário e abro outro. Mesmo que vivesse mil anos, sequer conseguiria ler os chamados clássicos. Vou contar um segredo: já iniciei sem terminar pelo menos umas três vezes o “Cem Anos de Solidão”. Me julguem. Um colega que passou por semelhante situação me deu uma dica. Fazer uma árvore genealógica e a ir consultando durante a leitura. Farei isso.

Mas fato é que a vida é muito curta pra insistir num livro ruim, pra votar na direita e pra não dizer praquela amiga ou colega da sua intenção de lhe provar o beijo. A vida também é muito curta pra insistir num relacionamento cujo beijo é insonso.

Falo em beijos e fujo do assunto… voltemos à guerra.

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Iniciei e leitura e não mais parei. Com poucas e objetivas personagens, a trama se desenvolve e nos instiga a continuar. A narração em primeira pessoa, do Nagib, nos causa ainda mais aflição. Sem a onisciência do narrador em terceira pessoa, acompanhamos com os olhos de Nagib a angústia da guerra. E não é a angústia dele que experimentamos. É a nossa! Andreia, sem pudor, convite ou cortesia, nos leva à Síria em guerra. Ouvimos o som dos tiros e sentimos o fétido dos corpos amontoados.

Ela poderia nos dizer do paradeiro de Hani, pai de Nagib. Se é que ele está vivo. Mas Andreia não nos tem compaixão, pois as guerras não tem compaixão. A guerra traz morte, fome, sofrimento e pessoas cujos destinos ninguém sabe. Nem os filhos e nem os leitores.

“Cutuquei Samir e mostrei a ele meus olhos fechados, para que ele fizesse a mesma coisa. Assim não veríamos aquelas cenas horríveis.” Essa passagem me marcou. A partir dela pude perceber que não me era facultado fechar os olhos. Eu teria muito sofrimento paradoxalmente desejado pela frente. A boa literatura por vezes nos dá essa satisfação incomodativa.

Andreia avisou em entrevista que, embora as possibilidades abertas pelo enredo, ela não pretende fazer uma continuação. Acho que age bem. A história contada por ela não precisa outro desfecho que não o do não-desfecho mesmo. As dúvidas e inconstâncias são parte da vida. As angústias do porvir, no caso duma guerra, talvez seja a melhor ilustração desse tipo de conflito. Se há dúvidas, veja como a cada página acontece mais um fato novo e geralmente lamentoso.

Quem quiser se alistar à Guerra da Síria pelo “Para onde vão as borboletas à noite” entre em contato com a escritora. Haverá feridas que nos marcarão para a reflexão. Mas o leitor sobreviverá mais vivo do que antes.

Eis os contatos: Whats (51) 9244 6664;

Facebook https://www.facebook.com/andreiascheferescritora

Instagran @andreiascheferescritora

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha” Acompanhe Pragmatismo Político no Instagram, Twitter e no Facebook

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