Em Cascavel, o futuro chegou: ruas asfaltadas, trânsito liberado e... um poste no meio da via. Sim, no Paraná o motorista não precisa de radar para testar reflexo basta um poste plantado como cone de sinalização permanente. Caso igual ocorreu na última gestão em Almirante Tamandaré.
A rua Rio da Paz, em Cascavel, foi revitalizada, alargada e recebeu pavimentação novinha. Mas no momento da liberação ao tráfego, os motoristas foram brindados com uma surpresa: um poste cravado no meio da pista.
A explicação oficial é digna de manual de burocracia: a remoção é responsabilidade da Copel, que só poderia agir no sábado, já que precisaria desligar a energia de 263 imóveis para realocar a estrutura. Até lá, a recomendação era simples: redobrar a atenção e torcer para não bater.
O episódio é mais do que uma anedota urbana: ele expõe a engrenagem do improviso que move muitas obras no Paraná.
Prefeitura: conclui a obra de pavimentação sem alinhar o cronograma com a concessionária de energia.
Copel: precisa de atualização no projeto, o que atrasou a remoção.
Comerciantes: pediram para adiar o serviço para não ficarem sem luz.
Resultado: o poste virou "pedágio da paciência" no meio da rua.
É a síntese da gestão pública: a obra inaugura antes de estar pronta, a concessionária enrola no cronograma, a população improvisa e a responsabilidade é sempre "do outro".
Não é a primeira vez que o Paraná protagoniza cenas de pastelão em obras públicas.
Em Curitiba, já tivemos ciclovia que terminava em poste e calçadas recém-feitas com rampas de acessibilidade voltadas para muro.
Em Maringá, um poste no meio da rua demorou meses para ser removido após recapeamento. O mesmo ocorreu em Almirante Tamandaré.
E pelo Brasil afora, já vimos de tudo: viadutos que não se encontram, rotatórias em cima de terrenos baldios e postes dividindo pistas duplas.
A lógica é sempre a mesma: inaugura-se a obra para a foto e deixa-se o detalhe para depois mesmo que o detalhe seja um poste no meio da rua.
Enquanto gestores empurram responsabilidades entre si, motoristas e pedestres ficam com o perigo. Um poste no meio da via não é só "cena pitoresca":
À noite, pode causar acidentes graves.
Para motociclistas, é armadilha de ferro.
Para o trânsito, gera desvio improvisado e risco de colisão.
Mas no discurso oficial, tudo é "temporário". Como se uma tragédia também pudesse ser temporária.
1º de outubro - Prefeitura libera a rua após obras de pavimentação.
Motoristas percebem a estrutura no meio da via.
Fiscal da obra orienta: "é preciso estar atento".
Prefeitura joga responsabilidade para a Copel.
Copel agenda remoção para sábado (4), com desligamento da energia.
Pelo menos 263 imóveis ficarão sem luz durante a operação.
Previsão: em 15 dias todas as obras da região estarão finalizadas com a promessa de ruas livres de postes no meio.
Cascavel conseguiu pavimentar a ironia: o Paraná que ostenta modernidade em agronegócio e indústria ainda tropeça no básico. Porque, no fim das contas, um poste no meio da rua é a metáfora perfeita da nossa política atrapalha, é perigosa, mas ninguém tem coragem de arrancar de vez.
Fonte: G1