Poste no meio da rua em Cascavel — a obra que pavimenta o improviso paranaense

Vergonha que é compartilhada por administrações despreparadas

Por Luciana Pombo, com informações do G1 em 03/10/2025 às 11:10:29

Em Cascavel, o futuro chegou: ruas asfaltadas, trânsito liberado e... um poste no meio da via. Sim, no Paraná o motorista não precisa de radar para testar reflexo — basta um poste plantado como cone de sinalização permanente. Caso igual ocorreu na última gestão em Almirante Tamandaré.

1. O caso surreal

A rua Rio da Paz, em Cascavel, foi revitalizada, alargada e recebeu pavimentação novinha. Mas no momento da liberação ao tráfego, os motoristas foram brindados com uma surpresa: um poste cravado no meio da pista.

A explicação oficial é digna de manual de burocracia: a remoção é responsabilidade da Copel, que só poderia agir no sábado, já que precisaria desligar a energia de 263 imóveis para realocar a estrutura. Até lá, a recomendação era simples: redobrar a atenção e torcer para não bater.

2. O improviso como política pública

O episódio é mais do que uma anedota urbana: ele expõe a engrenagem do improviso que move muitas obras no Paraná.

  • Prefeitura: conclui a obra de pavimentação sem alinhar o cronograma com a concessionária de energia.

  • Copel: precisa de atualização no projeto, o que atrasou a remoção.

  • Comerciantes: pediram para adiar o serviço para não ficarem sem luz.

  • Resultado: o poste virou "pedágio da paciência" no meio da rua.

É a síntese da gestão pública: a obra inaugura antes de estar pronta, a concessionária enrola no cronograma, a população improvisa e a responsabilidade é sempre "do outro".

3. Comparativos — não é só Cascavel, é o Paraná (e o Brasil)

Não é a primeira vez que o Paraná protagoniza cenas de pastelão em obras públicas.

  • Em Curitiba, já tivemos ciclovia que terminava em poste e calçadas recém-feitas com rampas de acessibilidade voltadas para muro.

  • Em Maringá, um poste no meio da rua demorou meses para ser removido após recapeamento. O mesmo ocorreu em Almirante Tamandaré.

  • E pelo Brasil afora, já vimos de tudo: viadutos que não se encontram, rotatórias em cima de terrenos baldios e postes dividindo pistas duplas.

A lógica é sempre a mesma: inaugura-se a obra para a foto e deixa-se o detalhe para depois — mesmo que o detalhe seja um poste no meio da rua.

4. O risco à vida real

Enquanto gestores empurram responsabilidades entre si, motoristas e pedestres ficam com o perigo. Um poste no meio da via não é só "cena pitoresca":

  • À noite, pode causar acidentes graves.

  • Para motociclistas, é armadilha de ferro.

  • Para o trânsito, gera desvio improvisado e risco de colisão.

Mas no discurso oficial, tudo é "temporário". Como se uma tragédia também pudesse ser temporária.

5. Linha do tempo da trapalhada

  1. 1º de outubro - Prefeitura libera a rua após obras de pavimentação.

  2. Motoristas percebem a estrutura no meio da via.

  3. Fiscal da obra orienta: "é preciso estar atento".

  4. Prefeitura joga responsabilidade para a Copel.

  5. Copel agenda remoção para sábado (4), com desligamento da energia.

  6. Pelo menos 263 imóveis ficarão sem luz durante a operação.

  7. Previsão: em 15 dias todas as obras da região estarão finalizadas — com a promessa de ruas livres de postes no meio.

Nota da Blogueira Jornalista

Cascavel conseguiu pavimentar a ironia: o Paraná que ostenta modernidade em agronegócio e indústria ainda tropeça no básico. Porque, no fim das contas, um poste no meio da rua é a metáfora perfeita da nossa política — atrapalha, é perigosa, mas ninguém tem coragem de arrancar de vez.

Fonte: G1

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