Política Luto

Globo divulga editorial no Jornal Nacional: "sentimento de horror" e "erros"

Por Poder 360

19/06/2021 às 23:28:31 - Atualizado há
Poder 360
A TV Globo divulgou neste sábado (19.jun.2021) um editorial a respeito das 500 mil mortes por covid-19 no Brasil. Lido no final Jornal Nacional pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos, o texto evita mencionar o nome de autoridades, mas de maneira oblíqua se dirige ao presidente Jair Bolsonaro."É evidente que foram muitos –e muito graves– os erros cometidos. Eles estão documentados por entrevistas, declarações, atitudes, manifestações", disse a emissora em seu principal telejornal.Neste trecho, fica evidente que o alvo é Bolsonaro, ao mencionar tratamento precoce para covid: "A aposta insistente e teimosa em remédios sem eficácia, o estímulo frequente a aglomerações, a postura negacionista e inconsequente de não usar máscaras e, o pior, a recusa em assinar contratos para a compra de vacinas a tempo de evitar ainda mais vítimas fatais". O editorial também cita a CPI da Covid, no Senado as "responsabilidades" e sentencia: "Haverá consequências". Depois de ter lançado uma emotiva campanha para enaltecer seus jornalistas, a Globo voltou a mencionar o tema no editorial deste sábado. A emissora diz estar "há um ano e meio, com base na ciência, cumprindo" o "dever de informar, sem meias palavras". Alvo de críticas recorrentes do Palácio do Planalto, o editorial diz que o jornalismo que pratica paga "um preço" porque há "incompreensões de grupos que são minoritários, mas barulhentos". Com tom de voz grave e de maneira pausada, William Bonner disse que a Globo seguirá na mesma linha, escandindo algumas palavras, como "de-mo-cra-cia". Falou também que na pandemia, com a saúde das pessoas em risco, o jornalismo da emissora acredita que exista uma exceção à regra de ouvir opiniões divergentes: "Em casos assim, não há dois lados". O apresentador afirmou que a emissora não se incomoda com críticas: "Não importa. Nós seguimos em frente, sem concessões. E seguiremos em frente, sem concessões. Porque tudo tem vários ângulos e todos devem ser sempre acolhidos para discussão. Mas há exceções. Quando estão em perigo coisas tão importantes como o direito à saúde, por exemplo. Ou o direito de viver numa democracia. Em casos assim, não há dois lados. E é esse o norte que o jornalismo da Globo continuará a seguir".Em seguida à leitura do editorial, o Jornal Nacional foi encerrado em silêncio, como tem sido a prática quando há números redondos de mortes.

ÍNTEGRA DO EDITORIAL

Eis a íntegra do editorial lido em jogral pelos apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos:"Em agosto de 2020, quando o Brasil ultrapassou o registro escandaloso de 100 mil mortes pela Covid, o Jornal Nacional se manifestou sobre essa tragédia num editorial. Parecia que o país tinha superado um limite inalcançável, 100 mil mortos. Neste sábado (19), são 500 mil. Meio milhão de vidas brasileiras perdidas. "O sentimento é de horror e de uma solidariedade incondicional às famílias dessas vítimas. São milhões de cidadãos enlutados. "Hoje, é evidente que foram muitos –e muito graves– os erros cometidos. Eles estão documentados por entrevistas, declarações, atitudes, manifestações. "A aposta insistente e teimosa em remédios sem eficácia, o estímulo frequente a aglomerações, a postura negacionista e inconsequente de não usar máscaras e, o pior, a recusa em assinar contratos para a compra de vacinas a tempo de evitar ainda mais vítimas fatais. "No editorial que marcou as 100 mil mortes, nós dissemos que era preciso apurar de quem é a culpa. Dissemos textualmente que esse momento chegaria. "Desde o início de maio, o Senado está investigando responsabilidades. Haverá consequências. E a mais básica será a de ter levado ao povo brasileiro o conhecimento sobre como e por que se chegou até aqui. "Quando todos nós olharmos para trás, quando nos perguntarem o que fizemos para ajudar a evitar essa tragédia, cada um de nós terá a sua resposta. A esmagadora maioria vai poder dizer, com honestidade e com orgulho, que fez de tudo, fez a sua parte e mais um pouco. "Nós, do Jornalismo da Globo, estamos há um ano e meio, com base na ciência, cumprindo o nosso dever de informar, sem meias palavras. Muitas vezes nós pagamos um preço por isso, com incompreensões de grupos que são minoritários, mas barulhentos. Não importa. Nós seguimos em frente, sem concessões. E seguiremos em frente, sem concessões. "Porque tudo tem vários ângulos e todos devem ser sempre acolhidos para discussão. Mas há exceções. Quando estão em perigo coisas tão importantes como o direito à saúde, por exemplo. Ou o direito de viver numa democracia. Em casos assim, não há dois lados. E é esse o norte que o Jornalismo da Globo continuará a seguir".
Fonte: Poder 360
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