Derrota expressiva nas consultas sobre privatização das escolas desmoraliza governo, afirma deputada Ana Júlia
O resultado das consultas nas escolas mostra que 88% da comunidade escolar rejeitou a privatização das escolas. Para a deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT), a comunidade escolar mostrou que é a favor da educação pública. A parlamentar cobrou que o governo reconheça a derrota expressiva e não crie novas manobras para desrespeitar a vontade popular, nem busque implementar de maneira forçada o projeto Parceiro da Escola.
"A derrota do governo é avassaladora. Quase 90% das escolas disse não à venda das escolas", destacou Ana Júlia.
Nos 93 colégios onde houve quórum, 82 optaram por não aderir ao Parceiro da Escola, e apenas 11 escolheram o programa defendido pelo governo do estado. No total, 177 escolas passaram pela consulta, mas não houve quórum em 84. Nestas instituições, considerando as regras definidas pelo próprio governo, não houve abertura dos votos e caberá à SEED (Secretaria Estadual de Educação) decidir pela adesão ou não ao projeto.
A deputada apontou que se as urnas das escolas onde não houve quórum forem abertas, o resultado seguirá o mesmo padrão dos locais onde a votação foi considerada, com ampla maioria contra o projeto do governo.
Ana Júlia cobrou que o governo tenha “decência” e não implante a privatização onde não deu quórum, muito menos desrespeite a comunidade escolar chamando novas consultas no próximo ano nas escolas que optaram pela não privatização.
Para Ana Júlia, o resultado deixa o governo desmoralizado, diante de todas as artimanhas jurídicas, políticas e uso da máquina pública utilizados para tentar aprovar a privatização. "Trata-se de um projeto cheio de ilegalidades desde o início. Houve vazamento de dados de estudantes, mensagens da Secretaria de Educação, chefe de Núcleos Regionais ligando para pais para pedir voto e, mesmo assim, a grande maioria das escolas negou a privatização".
Segundo Ana Júlia, a SEED mostrou, ao tentar repassar bilhões para empresas, que existe viabilidade financeira para investir nas escolas. Sendo assim, ela cobra que os recursos sejam destinados diretamente aos colégios. "Não é porque elas não entraram neste projeto e na cartilha do governo que merecem ser punidas nas questões financeiras".
A parlamentar defende que os mesmos valores sejam investidos diretamente nas escolas, sem empresas em busca de lucro como intermediárias. "Que se invista o mesmo valor nestas escolas e se prove que esse dinheiro não era apenas para ir para o bolso do empresário. Se tinha dinheiro para pagar para essas empresas, tem de ter também agora para dar na mão de diretor de colégio, que é eleito, conhece a realidade da sua escola, sabe onde investir e não está preocupado com lucro, mas com a qualidade da educação".
Correio do Litoral