Embora a seca tenha se potencializado entre os meses de maio de agosto de deste ano, as primeiras manifestações do fenômeno foram vistas ainda no segundo semestre de 2023. A constatação é do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que indica o atual período de estiagem como o mais intenso da história do Brasil.
Segundo o órgão, a fraca estação chuvosa passada não conseguiu repor adequadamente a umidade do solo e da vegetação, nem recarregar os aquíferos, mantendo os níveis dos rios abaixo do esperado. No início do mês, o Governo do Paraná decretou situação de emergência por causa da estiagem que atinge vários municípios. A condição climática torna a vegetação mais seca, aumentando o risco de incêndios florestais.
Conforme a Defesa Civil paranaense, de janeiro a agosto foram mais de 11 mil focos. A falta de chuvas também agrava a condição dos mananciais, que podem chegar a níveis insuficientes para abastecer a população. É isso que ocorre em Goioerê, na região noroeste do Estado, que enfrenta rodízio do abastecimento desde agosto.
A falta de chuva nos últimos meses reduziu cerca de 50% a vazão do principal poço do município. O diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Cesar Gonchorsky, explica que, neste momento, é preciso praticar o consumo consciente de água.
Em 2020 e 2021, o cenário das nascentes, rios e reservatórios no Paraná era intimidador. O volume baixo de água do Rio Paraná, por exemplo, mudou a paisagem das Cataratas do Iguaçu. O espetáculo natural marcado pela força das águas deu lugar à seca. Esta foi a mais severa seca no Paraná em 91 anos.
Curitiba e região metropolitana, por exemplo, enfrentaram rodízio de água por 649 dias. O diretor da Sanepar reforça que, apesar da situação de emergência, não há previsão de medidas mais duras em relação ao abastecimento.
A estiagem que atinge o Paraná pode perdurar, pelo menos, até meados de outubro. O Simepar projeta que a chuva deve retornar com mais intensidade nas próximas semanas. Entretanto, o meteorologista Samuel Braun detalha que isso não significa uma regularização na condição dos mananciais.
O Paraná encara ciclos de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar desde junho, segundo o Boletim Agrometeorológico do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná). Esse é o trimestre (junho, julho e agosto) mais quente para Curitiba, Paranavaí, Guarapuava, Londrina, Cambará e Maringá desde 1998, quando o Simepar iniciou as medições.
Reportagem: Mirian Villa
BandNews