Nas eleições, as pesquisas eleitorais ganham grande destaque e muitas vezes moldam a percepção dos eleitores, criando uma sensação de favoritismo ou derrota antecipada para candidatos. Contudo, nem todas as pesquisas são tão confiáveis quanto parecem, e algumas já foram alvo de questionamentos judiciais. É fundamental que os eleitores saibam discernir entre levantamentos sérios e aqueles que podem estar direcionados para influenciar as intenções de voto de maneira indevida.
Em 2022, três institutos de pesquisa ficaram na mira da Justiça Eleitoral devido a irregularidades em suas metodologias. As empresas AR7 Pesquisa de Opinião e Consultoria Estatística, com sede em São Paulo, e Instituto Phoenix & Associados, de Porto Velho, foram impedidas de divulgar seus levantamentos eleitorais após questionamentos sobre a credibilidade dos dados apresentados.
A AR7, por exemplo, registrou 61 pesquisas eleitorais em diversos municípios do país, muitas delas com valores de R$ 3 mil a R$ 5 mil, muito abaixo do mercado. Esse baixo custo levantou suspeitas sobre a capacidade da empresa de realizar pesquisas de qualidade e com a devida estrutura em cidades pequenas e médias. Um dos episódios que mais chamou atenção ocorreu em Lages (SC), em 2020, quando a Justiça Eleitoral suspendeu uma pesquisa da AR7 e aplicou multa de R$ 53 mil à empresa. O juiz responsável pelo caso destacou que a realização de 2.500 questionários presenciais em diferentes municípios, no curto período de dois dias, era logisticamente inviável pelo valor cobrado.
O Instituto Phoenix também esteve sob investigação, com processos por suspeita de fraudar pesquisas eleitorais. Seu sócio, José Juvenil Coelho, foi condenado a dois anos de prisão por crime eleitoral, o que reforça os alertas sobre a necessidade de cautela ao interpretar dados de pesquisas.
Pesquisas podem influenciar indevidamente Uma das grandes preocupações com pesquisas eleitorais não confiáveis é a indução de eleitores a acreditar que um candidato está muito à frente ou muito atrás, criando uma falsa impressão de vitória ou derrota. Isso pode desencorajar eleitores de comparecer às urnas ou, ao contrário, impulsionar o apoio a determinados candidatos com base em dados manipulados ou imprecisos.
As pesquisas, quando realizadas de forma ética e com metodologia transparente, são ferramentas importantes para entender a percepção do eleitorado em determinado momento. Contudo, o eleitor precisa se proteger contra manipulações. Algumas dicas incluem:
Ao longo dos anos, o TSE tem atuado com rigor para combater fraudes em pesquisas eleitorais, mas a atenção do eleitor também é crucial. As decisões judiciais que atingiram institutos como AR7 e Phoenix servem de alerta para que todos se informem de maneira responsável e consciente.