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Atividade em igreja e afastamento de professora expõem educação de SC

Por Amanda Miranda – Newsletter Passando a Limpo Dois episódios relacionados à educação em Santa Catarina ocuparam as redes sociais esta semana, expondo conflitos e interesses no estado que destinou quase 70% dos votos a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.


Por Amanda Miranda – Newsletter Passando a Limpo

Dois episódios relacionados à educação em Santa Catarina ocuparam as redes sociais esta semana, expondo conflitos e interesses no estado que destinou quase 70% dos votos a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

O uso de dependências de uma Igreja Universal para formar alunos do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), conduzido pela Polícia Militar em Florianópolis, e o afastamento de uma professora da rede estadual, gravada ministrando aula sobre fake news, mobilizaram críticas e questionamentos na arena virtual.

Na terça-feira (18), o perfil institucional da Polícia Militar no Instagram publicou uma postagem que mostrava centenas de crianças enfileiradas nos bancos de uma Igreja Universal: era a formatura de 1050 alunos do Proerd. O texto listava os presentes no evento, dentre eles o prefeito e candidato à reeleição em Florianópolis, Topázio Neto (PSD), e celebrava o evento com “muitas brincadeiras e animação por parte do público presente”.

A postagem foi alvo de questionamentos sobre a laicidade do Estado, mas o perfil do 4º Batalhão da PM respondeu, afirmando que o espaço foi cedido gratuitamente. No Instagram, a página ainda sugeria que usuários que tivessem alguma “proposta/ideia ou solução para sanar este e outros grandes desafios da segurança pública” teriam as portas abertas, afirmando que o espaço foi escolhido por não ter dado despesa aos cofres públicos.

O prefeito de Florianópolis Topázio Neto (PSD), que esteve na formatura em igreja, é candidato à reeleição

Em dezembro de 2023, no entanto, a mesma página postou imagens da formatura de 143 alunos ocorridas no na própria escola, na região Sul de Florianópolis.

Já o perfil do Proerd celebrou, em novembro, uma formatura ainda maior, de 1.160 alunos, ocorrida nas dependências do Parque Beto Carrero World. Em Santa Catarina, o Proerd opera desde 1998, com conteúdos segmentados para crianças dos 5º e 7º anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

PM nega interferência de igreja

Questionada sobre a opção de uma igreja para a realização do evento, a tenente-coronel Naíma Huk Amarante afirmou que esta foi a primeira vez na história do programa que o 4º BPM promoveu uma formatura com tantas escolas ao mesmo tempo. “Não temos verba para pagar um espaço para formatura e, sendo assim, sempre buscamos parcerias. Por isso aceitamos fazer nas dependências da igreja”, disse.

A tenente reforçou que houve apenas a utilização do espaço , sem referência à religião ou crença em nenhum momento. “Inclusive não houve nem fala por parte do cedente do espaço”, pontuou.

Sobre a participação de políticos, ela disse que o programa atua em parceria com algumas empresas e prefeituras que patrocinam a aplicação do programa nas cidades.

Professora punida por aula sobre fake news

Enquanto milhares de estudantes recebiam seus certificados sentados nos bancos da Igreja Universal, a professora Carolina Puerto, da Escola Estadual Simão José Hess, em Florianópolis, vivia o primeiro dia do seu afastamento das salas de aula, em um processo movido pela Secretaria de Educação a partir de um áudio gravado sem o seu consentimento.

Carolina é professora do componente de Ciências Humanas no Ensino Médio e também atua no Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC). Poucos dias após o retorno de uma greve, foi surpreendida com uma abordagem inesperada da Coordenadoria Regional de Educação: queriam ouvi-la sobre um conteúdo gravado sem autorização durante uma de suas aulas.

Na aula, ela falava sobre fake news no contexto da crise climática do Rio Grande do Sul. Mudanças climáticas e direitos humanos são dois dos eixos curriculares temáticos do componente de Ciências Humanas.

A professora abordou o tema das notícias falsas e da onda de desinformação justamente quando havia exemplos abundantes na rede. A Secretaria de Educação do Estado, após ouvi-la em uma reunião inesperada, abriu um Processo Administrativo Disciplinar por “militância”.

“A orientação à veracidade de informações é parte fundamental de uma formação crítica e propositiva cuja função social perpassa qualquer situação política, seja ela do estado, do país e até mesmo do mundo”, disse a nota divulgada pelo Coletivo Juntas em SC com relação ao episódio.

Educação em SC sofre desmonte

O coletivo ainda diz que o “magistério catarinense tem sido alvo de um desmonte e cujo cerne parte de uma lógica de desvalorização docente e misoginia, tendo em vista que trata-se de uma carreira majoritariamente de mulheres”.

A professora também recebeu manifestação de apoio no formato de carta aberta à comunidade escolar, em que os docentes da escola falam em “sanção indevida por parte da Secretaria de Educação”. Eles defendem os elementos técnicos sobre o conteúdo ministrado e censurado, que integra o escopo do Novo Ensino Médio.

“Segundo tal documento, é dever do professor ‘Identificar e promover ações de esclarecimentos a respeito da disseminação de fake news, crimes cibernéticos, entre outros, nas múltiplas territorialidades e escalas'”. A Secretaria de Educação de SC não se manifestou sobre o episódio.

 

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