Nos Ășltimos dois meses, trĂȘs crianças morreram na rede pĂșblica de saĂșde do Distrito Federal (DF) após não terem recebido assistĂȘncia adequada. Parlamentares e organizações se manifestaram sobre os casos, apontando o fracasso da administração em saĂșde, cada vez mais sucateada e entregue à terceirização.
"Esse Ă© o resultado da terceirização da saĂșde feita por Ibaneis. As famĂlias estão perdendo seus filhos para o caos e o descaso com a nossa saĂșde pĂșblica", lamentou o deputado distrital FĂĄbio FĂ©lix (PSOL-DF) em uma rede social.
Duas mortes aconteceram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas, administrada pelo Instituto de Gestão EstratĂ©gica em SaĂșde (Iges).
No dia 14 de abril, uma bebĂȘ de um mĂȘs morreu no local após sofrer duas paradas cardĂacas. A famĂlia denuncia que não houve atendimento adequado. Um mĂȘs depois, no dia 14 de maio, uma criança de um ano e oito meses faleceu após esperar por mais de 12h por uma ambulância para ser transferida para a UTI de um hospital.
JĂĄ na Ășltima sexta-feira (17), uma menina de 8 anos morreu no Hospital Materno Infantil de BrasĂlia (HMIB) após peregrinar por vĂĄrias unidades de saĂșde e não receber atendimento adequado, segundo a famĂlia.
"Ă inaceitĂĄvel o completo abandono das unidades de saĂșde do DF, com quadros de superlotação, falta de insumos bĂĄsicos, profissionais sobrecarregados e pessoas voltando pra casa sem atendimento", afirmou FĂĄbio FĂ©lix em outra postagem.
FĂĄbio Felix (PSOL) criticou o governador Ibaneis Rocha (MDB) em relação ao descaso na saĂșde / Carolina Curi/AgĂȘncia CLDF
O parlamentar questionou ainda o governador Ibaneis Rocha (MDB), que na Ășltima terça-feira (14) criou um grupo de planejamento para avaliar a compra de um novo helicóptero a ser usado no transporte do polĂtico: "Ao invĂ©s de priorizar a compra de um novo helicóptero, Ibaneis deveria colocar todo o seu governo para apresentar uma solução urgente para a saĂșde", criticou.
FĂĄbio FĂ©lix tambĂ©m publicou um vĂdeo em que Ibaneis ignora um repórter após ser questionado em relação à morte do bebĂȘ na UPA do Recanto das Emas e à aquisição de novas ambulâncias.
O Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro-DF) denunciou a escassez de ambulâncias no sistema de saĂșde pĂșblica. Segundo a entidade, hĂĄ um dĂ©ficit de 36% na frota de ambulâncias e a necessidade de reparos em diversos veĂculos.
A vice-presidente do SindEnfermeiro-DF, Ursula Neponocemo, afirma que a quantidade atual Ă© insuficiente para atender à demanda do DF e que os veĂculos apresentam riscos durante o transporte de pacientes, estando sucateados e sem manutenção adequada.
O Sindicato participou, juntamente com a deputada distrital Dayse AmarĂlio (PSB-DF), de uma visita de fiscalização à UPA do Recanto das Emas, na Ășltima quinta-feira (16), para averiguar como funciona a transferĂȘncia de pacientes graves.
O serviço de transporte Ă© terceirizado. A empresa responsĂĄvel pela transferĂȘncia Ă© a UTI Vida, que teve seu contrato renovado com o Governo do DF em abril deste ano, com validade atĂ© outubro de 2025.
Dayse AmarĂlio afirmou que o contrato serĂĄ averiguado pela Câmara Legislativa do DF (CLDF). A empresa jĂĄ tem sido alvo de reclamações hĂĄ anos.
"Por isso, jĂĄ protocolamos requerimentos de informação para o MinistĂ©rio PĂșblico, Tribunal de Contas e a Promotoria de Justiça de Defesa da SaĂșde. Assim que tivermos uma sinalização iremos informar a vocĂȘs. A população do DF merece respeito e qualidade no atendimento", disse a presidenta da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da CLDF.
Deputada Dayse AmarĂlio fez vistoria em UPA do Recanto das Emas e disse que contrato com empresa responsĂĄvel por transporte serĂĄ averiguado pela CLDF / Renan Lisboa / AgĂȘncia CLDF
O deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF) tambĂ©m lamentou as mortes e criticou a gestão da saĂșde pĂșblica no DF.
"As pessoas estão morrendo no hospital, estão na fila da assistĂȘncia social, não conseguem vagas nas creches. E o governo ignora e avança no gasto com empresas privadas, sem licitação e a população abandonada. O governo Ibaneis/Celina precisa acabar!!", afirmou o parlamentar em uma rede social.
JĂĄ a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF), atrelou a "tragĂ©dia" da morte do bebĂȘ, que faleceu enquanto esperava transferĂȘncia para a UTI, à "falta de transparĂȘncia nos contratos do IGES-DF".
"Um bebĂȘ de 1 ano morreu na UPA esperando ambulância para o HMIB. De que adianta então ter um contrato milionĂĄrio com a UTI Vida? Eu sei a dor de perder um filho! A mĂĄ gestão pĂșblica gera danos irreparĂĄveis!", criticou em uma rede social.
Brasil de Fato