A região amazônica abriga a maior população de botos do mundo, a maior parte na amazônia brasileira, que abrange nove estados. Muitos desses territórios, no entanto, carecem de informações confiáveis sobre a ecologia dos botos.
"Apesar da grande pressão e ameaças que existem na região, ainda há tempo para entendermos os impactos e o que podemos fazer não só para garantir um desenvolvimento sustentável para a região como também para que possamos proteger estas espécies e os rios da Amazônia."
Marcelo Oliveira, especialista em conservação do WWF-Brasil.
A construção de três hidrelétricas na bacia do rio Araguari, região central do estado, é um dos fatores que isolou populações e mudou a vazão do rio, extinguindo a pororoca, uma onda de água doce que atraia campeonatos de surf e turistas do mundo todo.
Segundo os pesquisadores, os grupos de botos-cor-de-rosa que estão entre as barragens, limitados pela barreira física, tendem a deixar de existir. "Tudo que fazemos gera impacto para a natureza em geral. E nos botos temos influenciado diretamente, especialmente ao construir essas grandes estruturas, barragens, pois impedem o acesso deles e mudam a dinâmica dos rios na região e não sabemos como isso afeta a capacidade de sobrevivência de longo prazo dos botos", explica Marmontel.
A criação de búfalos na região é outras ameaça aos botos, pois o pisoteamento de diversas áreas altera a paisagem hidrológica da região. "Os búfalos divergiram os canais do Araguari, que reduziram a força da água no rio. Essas mudanças hidrológicas também afetam diretamente a vida dos botos", diz Oliveira.