Uma das mães que fazem parte da equipe como pesquisadora social, é Débora Maria da Silva, fundadora do Movimento Independente Mães de Maio e pesquisadora da CAAF/Unifesp . Ela perdeu o filho, o gari Edson Rogério Silva dos Santos, em 2006, aos 29 anos, durante a série de ataques conhecidos como Crimes de Maio, em São Paulo, que culminaram na morte de cerca de 600 pessoas.
"Meu filho era um gari que trabalhou no dia da sua morte, mesmo com um atestado médico após a extração de um dente. Levou um rótulo de suspeito por ser preto, e eu tenho que lutar todos os dias para provar que meu filho era um trabalhador", lamenta Débora.
Para ela, a pesquisa mostra a necessidade do acolhimento das mães que adoecem em consequência da violência contra seus filhos.
"É preciso ter uma política pública efetiva para essas mães e familiares que estão morrendo. Porque, a cada menino que cai nas favelas e nas periferias, a gente vê a vida dos nossos filhos sendo ceifada, e isso é uma tortura psicológica terrível", diz Débora.
Entre os dias 12 e 21 de maio de 2006, uma onda de ataques deixou 564 mortos e 110 feridos em São Paulo. Naquela semana, agentes de segurança do estado de São Paulo e grupos de extermínio saíram às ruas em retaliação a ataques da organização Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações foram arquivadas a pedido do Ministério Público estadual e, até hoje, ninguém foi condenado pelos crimes.
Agência Brasil