Basta dar uma revistada na história para encontrarmos a confirmação: os povos antigos já usavam plantas para colorir fibras, fios e tecidos, de forma, claro, 'bem' artesanal. Mas, por n motivos, a partir do século 19, os corantes naturais foram dando vez aos sintéticos e? o resto da história a gente sabe.
Agora, atendendo aos suplícios da consciência ecológica, estamos presenciando um retorno à técnica, que se fortalece no desejo de grifes mais afinadas com questões socioambientais. Embora ainda esteja engatinhando no mercado têxtil, o despertar pelo sustentável embala estudos e experimentos mundo afora.
Em Umuarama, a designer Jaqueline Hardt Silveira, 25 anos, faz a parte dela. Formada em Moda pela Unipar e atualmente aluna do mestrado multidisciplinar em sustentabilidade da Universidade Estadual de Maringá e Instituto Federal do Paraná, se concentrada em pesquisas sobre tingimento natural e no desenvolvimento de um método para replicar o que aprende em cursos e oficinas.
"Comecei meus primeiros ensaios nessa área ainda na graduação e desde então só fui me aprimorando, sempre com a certeza de que é o caminho que pretendo seguir, afinal, sou curiosa por natureza", afirma a estilista, que é natural de Pinhão, centro-sul do Paraná, mas mora em Umuarama desde 2016.
"Eu me apaixonei pela cidade e escolhi ficar por aqui para construir minha carreira", exclama. Em seu perfil no Instagram, escancara sua paixão pela causa: "Nasci e cresci em meio à majestosa mata das araucárias e isso me trouxe grande admiração e respeito pelas plantas?".
Cascas de cebola, romã, barbatimão, jatobá, abacate e araucária; rizoma da cúrcuma ou ela em pó; ferrugem; e folhas da erva mate, eucalipto e goiaba; e sementes de urucum são alguns dos ingredientes mais usados pela pesquisadora para tingimento de blusas, ecobags, tecidos para forrar almofadas aromaterapêuticas e lenços. "Com essa técnica, as peças ficam diferenciadas e ganham muito charme", exclama Jaque.
Mas, acima de tudo, ela diz que quer trabalhar com o objetivo de despertar as pessoas para o universo dos corantes naturais e, assim, evitar mais poluição. "Em meus cursos, além de ensinar as técnicas de extração de pigmentos e impressão botânica, procuro inspirá-las, destacando os temas 'sustentabilidade' e 'consumo consciente', porque andam juntos nessa missão", pontua.
Citando especialistas, ela enfatiza que os corantes químicos na indústria têxtil geram alto grau de poluição, já os naturais são biodegradáveis e têm baixa toxidade: "A intenção é levar meus 'alunos' a entenderem que podemos ver os corantes naturais como um bom caminho para ligar a indústria têxtil à sustentabilidade e, o que é melhor, existem já muitos estudos que validam esse prognóstico".
O Bemdito