Política Meio Ambiente

Ex-ministro investigado pela Polícia Federal

Por Revista Cenarium

23/07/2021 às 11:39:35 - Atualizado há


Ricardo Salles é investigado pelo STF e foi um dos alvos da operação Akuanduba, da Polícia Federal (PF), realizada no dia 19 de maio, sobre suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa. Outra acusação contra o ex-ministro se deu em abril deste ano, quando o então superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao Supremo uma notícia-crime contra Salles. No documento, o delegado apontou a possibilidade de ocorrência dos crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e o crime de "obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais".

A notícia-crime teve relação com a Operação Handroanthus, da PF, entre o Pará e o Amazonas, que resultou na maior apreensão de madeira nativa da história, com a retenção de 131 mil metros cúbicos de toras. Após a apreensão de madeira extraída ilegalmente da Amazônia, informações dão conta de que fazendeiros acusados de grilagem e envolvidos em extração ilegal de madeira acionaram o ministro Salles "para resolver o problema".


Sob fortes acusações que poderiam resultar em um pedido de prisão feito pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, Salles pediu demissão, no dia 24 de junho. Com a demissão, o caso muda de instância e de investigadores, já que Salles perde o foro privilegiado.

Em seu lugar, assumiu Joaquim Leite, ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SBR), considerado braço direito de Salles no ministério e que estava na Secretaria da Amazônia, na base de apoio direta do ex-ministro. A nomeação de um novo ministro com tal perfil é considerada um forte indício de que o governo federal não tem intenções de mudar os rumos da política ambiental.

Operações militares na Amazônia não foram capazes de coibir avanço do desmatamento e das queimadas (Lula Sampaio)


Fiscalização fragilizada

Dois importantes órgãos de fiscalização, o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) passaram por reestruturação. Salles determinou o corte de 24% do orçamento anual previsto para o Ibama. Com o corte, o órgão ambiental teve seu orçamento reduzido de R$ 368,3 milhões para R$ 279,4 milhões. Só as despesas fixas são estimadas em R$ 285 milhões.

A área ambiental ainda passou por um processo de militarização, com a substituição de diretores e dirigentes dos órgãos ambientais, cujos postos-chave ficaram sob a tutela de oficiais das Forças Armadas e da Polícia Militar. Salles nomeou cinco policiais militares de São Paulo para presidente e diretoria do ICMBio.

"Indústria de multas"

O governo federal ainda criou um órgão regulatório, chamado "núcleo de conciliação ambiental", com o poder de perdoar ou revisar multas ambientais, medida que visa combater ao que Bolsonaro chamou de "indústria das multas", que ameaça a subsistência de agricultores e pecuaristas. O número de multas aplicadas pelo Ibama por desmatamento ilegal teve queda de 34%, entre janeiro e maio.

Ainda na campanha eleitoral que o elegeu, em 2019, Bolsonaro prometeu acabar com as multas ambientais aplicadas pelo Ibama e que, para ele, atrapalham empresários e produtores brasileiros. O presidente, ele mesmo multado em R$ 10 mil por ter pescado em uma estação ecológica em Angra dos Reis, em 2012, já fez outros ataques verbais aos órgãos de fiscalização.

*No dia da entrevista com o biólogo Rômulo Batista, dia 22 de junho, Ricardo Salles ainda era ministro do Meio Ambiente. Ele pediu demissão do cargo no dia 23 de junho.*

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o novo, Joaquim Leite, são considerados "mais do mesmo" por ambientalistas (MMA)

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Jornalista Luciana Pombo

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