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Bolsonaristas entram em confronto com PF em Brasília após prisão de indígena apoiador do presidente


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BRASÍLIA (Reuters) -Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentaram invadir a sede da PolĂ­cia Federal em BrasĂ­lia, na noite desta segunda-feira, após a prisão pela PF de um lĂ­der indĂ­gena ligado ao grupo e entraram em confronto com as forças de segurança, que usaram balas de borracha e gĂĄs lacrimogĂȘneo para afastar manifestantes armados com bombas caseiras e que atearam fogo a veĂ­culos, no maior episódio de violĂȘncia pós-eleitoral no paĂ­s.

O confronto teve inĂ­cio com a tentativa de invasão do edifĂ­cio-sede da PF pelos bolsonaristas depois que José AcĂĄcio Serere Xavante foi preso acusado de "envolvimento em protestos antidemocrĂĄticos" por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), e se espalhou para outros pontos da região central da capital federal.

Munidos de paus, pedras, fogos de artifĂ­cio e até mesmo bombas caseiras, manifestantes quebraram vĂĄrios carros e atearam fogo a pelo menos trĂȘs deles nas proximidades do prédio da PF. A CNN Brasil mostrou imagens ao vivo de dois ônibus em chamas nos arredores, um deles pendurado na beira de um viaduto.

A polĂ­cia, que respondeu com bombas de efeito moral, gĂĄs lacrimogĂȘneo e tiros de bala de borracha, reforçou o policiamento e isolou as imediações do local do conflito, na região central de BrasĂ­lia, para controlar a situação.

A tentativa de invasão ao prédio da PF e os confrontos com a polĂ­cia ocorreram no dia em que o presidente eleito Luiz InĂĄcio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin, foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ășltima formalidade antes da posse em 1ÂÂș de janeiro.

"A segurança do presidente Lula estĂĄ garantida", disse o senador eleito FlĂĄvio Dino, indicado por Lula como ministro da Justiça do próximo governo, em um tuĂ­te. Ele acrescentou que são "inaceitĂĄveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da PolĂ­cia Federal" em BrasĂ­lia.

O atual ministro da Justiça, Anderson Torres, disse em uma postagem no Twitter que a PF manteve "estreito contato" com as forças de segurança do DF desde o inĂ­cio das manifestações, e acrescentou que a situação estava "normalizando no momento".

O incidente faz lembrar a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 por apoiadores do ex-presidente dos EUA Donald Trump, e também ressaltou as preocupações de segurança para a posse de Lula.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos integrantes da equipe de transição de Lula, criticou o que considerou "tamanha tolerÃÂąncia" das forças policiais do Distrito Federal com os manifestantes e fez um apelo ao governador Ibaneis Rocha para que tome medidas mais duras diante das ameaças "à integridade fĂ­sica de Lula e Alckmin".

Randolfe acrescentou que apresentarĂĄ pedido ao STF pelo indiciamento da primeira-dama Michelle Bolsonaro por supostamente "distribuir quentinhas" para bolsonaristas que estão ocupando o PalĂĄcio da Alvorada.

INCONFORMADOS

A iniciativa dos bolsonaristas de forçar a entrada nas instalações da PolĂ­cia Federal ocorreu após tomarem conhecimento da prisão de Serere Xavante por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O tribunal informou, em nota, que a prisão temporĂĄria, por 10 dias, foi determinada após pedido da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) em razão de "indĂ­cios de prĂĄtica dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito".

"Segundo a PGR, Serere Xavante vem se utilizando da sua posição de cacique para arregimentar indĂ­genas e não indĂ­genas para cometer crimes, mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito e de ministros do STF", acrescentou a corte.

A PolĂ­cia Federal confirmou em nota que o mandado de prisão temporĂĄria foi cumprido na noite desta segunda e que o preso foi encaminhado à sede da PolĂ­cia Federal. "O preso encontra-se acompanhado de advogados e todas as formalidades relativas à prisão estão sendo adotadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade fĂ­sica e moral do detido", disse.

A PF acrescentou que "distĂșrbios verificados nas imediações do edifĂ­cio-sede da PolĂ­cia Federal estão sendo contidos com o apoio de outras forças de segurança pĂșblica do Distrito Federal."

Muitos apoiadores de Bolsonaro ainda inconformados com o resultado das eleições tĂȘm se aglomerado em frente a quartéis generais e também se reunido em frente ao PalĂĄcio da Alvorada, residĂȘncia oficial do presidente, em defesa de uma "intervenção federal" –o que seria um golpe militar, jĂĄ que não hĂĄ previsão legal para isso– para impedir a posse de Lula.

Os protestos inicialmente ocorreram com bloqueios de rodovias federais, que, no entanto, foram desfeitos após aplicação de multas e determinação de Moraes, do Supremo, para que as forças de segurança agissem. Alguns confrontos e incidentes violentos chegaram a ser registrados, mas sem maior gravidade.

Bolsonaro, que nunca reconheceu explicitamente a derrota para Lula, apesar de ter autorizado seu governo a realizar a transição, manteve-se praticamente recluso e em silĂȘncio por mais de um mĂȘs após as eleições.

Na Ășltima sexta-feira, porém, disse em sua primeira aparição a apoiadores após um longo perĂ­odo que o Brasil estĂĄ numa "encruzilhada", e que são eles, os bolsonaristas, quem decidem para onde vão as Forças Armadas, instando-os a "fazer a coisa certa".

Indicado por Lula para ser o futuro ministro da Defesa, José MĂșcio, disse na sexta-feira em entrevista à Globonews, que, com a aparição aos apoiadores naquele dia, Bolsonaro havia colocado "a digital" no estĂ­mulo aos atos antidemocrĂĄticos.

(Reportagem adicional de Carolina Pulice, Ricardo Brito e Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca e FlĂĄvia Marreiro)

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