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Evitar a todo custo o brilho de mil sóis

Por Da Redação

09/08/2022 às 04:32:42 - Atualizado há

Nosso tempo é realmente um labirinto sem fim de tantas opções à disposição do ser humano, cada uma delas abrindo oportunidades para qualquer lado, imperiosas, densas de conteúdo e até mesmo recheadas de perigos, que por sua vez são dadas quase nenhuma atenção. Um desses perigos que rondam a sociedade atual diz respeito à energia nuclear, seu uso, seu enorme potencial, tanto para um lado quanto para o outro. Cada vez mais nos afastamos dos horrores de Hiroshima e Nagasaki em 1945, de tão longe que procuramos ficar, este espectro sombrio tem voltado pouco a pouco a dominar o cenário mundial; quando o ser humano decidiu ir fundo e descobrir o segredo último da matéria, adentrou num labirinto do qual nunca mais encontrou a saída, nosso Planeta nunca mais foi seguro, nunca mais foi o mesmo; a energia nuclear acirrou os ânimos de todas as pessoas no globo.

As pessoas mais experientes de vida ainda se lembram do que foi a guerra fria, travada entre as duas maiores potências da época, estamos a descrever em poucas linhas o período de 1945-1991, período de intensa pesquisa e milhares de testes nucleares à custa da destruição do meio ambiente. Aquilo que começou pequeno no dia 16 de julho de 1945, o famoso primeiro teste nuclear “bem-sucedido”, chamado de Trinity; menos de um mês depois tornou-se um dos maiores e piores crimes da humanidade de todos os tempos, somando as duas hecatombes, mais de duzentas mil pessoas mortas num instante e outras tantas milhares ao longo dos anos. Os treze dias que abalaram o mundo em outubro de 1962 foi outra situação apavorante do século XX; em resumo: a guerra fria foi a busca pelo poder hegemônico do Planeta, uma tentativa que se mostrou ao longo do tempo frustrada.

Não nos iludamos: a corrida armamentista nuclear nunca parou, apesar de alguns acordos de limitação dessas armas, estes nunca foram cumpridos ao pé da letra e com o fim do império soviético todo o arsenal atômico ficou desprotegido e a mercê da oscilação humana, os contextos, mudaram e ampliaram-se substancialmente, pequenos campos de testes aqui e acolá tem pululado em todas as direções, cada um com possibilidade de se usar as armas de destruição em massa. Hoje, 2022, China, Rússia e Estados Unidos estão se digladiando ferozmente e tem a Ucrânia como bode expiatório ou se preferirem, um mero fantoche. A resistência heroica da Ucrânia frente a um dos exércitos mais poderosos do mundo não pode se sustentar frente a um ataque avassalador atômico por parte da Rússia, se isso vier a acontecer, absolutamente ninguém é capaz de prever qualquer consequência.

Outro fator que não pode ser negligenciado, é o fato de que no mundo da energia atômica, a aparelhagem técnica é fator primordial, em outras palavras, sem a técnica, sem a ciência, sem o aparato tecnológico, ela simplesmente não funciona e é justamente aí que reside um dos maiores perigos. A cada dia que passa mais e mais são confiados à tecnologia toda e qualquer solução mágica dos muitos reveses que a vida proporciona, no campo das armas nucleares não é nada diferente. Máquinas não pensam, não sentem, não se sensibilizam e muito menos se arrependem daquilo que irracionalmente proporcionam aos seres humanos, por outras palavras, elas são determinadas pelos humanos, sendo assim podem errar, podem causar danos irreversíveis; segundo especialistas, uma arma nuclear altamente complexa e só guiada pela inteligência artificial não pode ser abortada.

No campo da produção energética, o perigo não é menor, muitos países utilizam esse meio para suprir a carência de energia, uma sedução perigosa que atraiu vários interessados no passado e outros agora no presente “acreditam” que esse tipo de energia é o mais adequado, quando na verdade ele é totalmente imprevisível pois depende de muita tecnologia e cuidado com um sem número de fatores, o que por outras vias significa que essa energia mesmo usada para o bem é de pouco consolo, pois a qualquer tempo ela pode se virar contra a espécie humana e extra-humana. A própria Ucrânia sabe muito bem os riscos que está correndo com a invasão assassina russa, ela possui uma usina que já em 1.986 foi palco de uma das maiores tragédias que se tem notícia e a maior delas, a de Zaporizhia; qualquer ataque a uma instalação dessa categoria poderá ser fatal para todos.

Bioeticamente, seja para que uso for, a energia nuclear jamais deve ser usada, seus riscos são altíssimos, deveria antes de mais nada, ser banida, uma energia que custa muito caro, produz lixo radioativo que pode afetar e perdurar no Planeta por milhares de anos, tornando a vida impossível; no campo da guerra não precisamos ser prolixos, a verdade é uma só: um ataque em que seja usado uma arma atômica, o número de mortos e feridos será simplesmente incalculável, por mais que os países que detenham armas desse calibre e por uma desgraça qualquer venham a usá-las todos serão ignorantes quanto ao futuro, nada nem ninguém estará a salvo. Aqueles que detém tais armas no cenário mundial, encontram-se hoje muitos separados, ressentidos uns com os outros, o velho e cobiçado poder para controlar tudo e todos. O Brasil é muito rico em opções para produzir energia limpa e barata e um anão completo na produção com total segurança de energia nuclear; ter sensatez, coerência e lucidez quanto a esse tipo energia é nossa obrigação primeira.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, é Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, é Doutor e Mestre em Filosofia, é professor titular de Bioética na PUCPR.

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