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Formado por militares ocidentais, Mozart Group treina recrutas da Ucrânia para enfrentar a Rússia

Por Da Redação

06/08/2022 às 10:16:34 - Atualizado há

No flanco russo da guerra que ocorre desde 24 de fevereiro na Ucrânia, um importante reforço de Moscou é o do Wagner Group, organização paramilitar que atua em conflitos ao redor do mundo e à qual são atribuídos inúmeros abusos e potenciais crimes de guerra. Do outro lado, Kiev passou a contar recentemente com o suporte de ex-militares ocidentais encarregados de treinar recrutas ucranianos. Eles se autodenominam Mozart Group. As informações são do jornal britânico Guardian.

O nome do Wagner Group remete ao pseudônimo de seu fundador, Dmitriy "Wagner" Valeryevich Utkin, que por sua vez tomou como referência o compositor alemão favorito de Hitler e um dos símbolos da Alemanha nazista. Já o Mozart Group foi batizado numa referência irônica aos russos e, em vez de mercenários, conta com voluntários de vasta experiência militar que atuam como instrutores.

Os alunos do Mozart não são soldados profissionais, mas indivíduos que se alistaram mesmo com pouca ou nenhuma experiência de combate. Muitos estavam no campo de batalha quando foram chamados para voltar ao treinamento. Melhor preparados, tendem a ajudar a compensar o esgotamento das tropas profissionais, sobretudo na região de Donbass, onde a Rússia concentra seu poder de fogo atualmente.

Militares do Mozart Group treinam combatentes para defender a Ucrânia (Foto: reprodução/Facebook)
Financiamento privado

Andy Milburn é o fundador do Mozart. Coronel aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, ele serviu durante 31 anos e criou o grupo especificamente para treinar civis que defendem a Ucrânia.

Ele afirma que, no início, estava “um pouco ambivalente quanto ao nome”, mas que o “pegou como marca agora”. E complementa: “Eu não queria ser associado ou comparado ao Wagner Group. Não somos contra o Wagner Group. O que fazemos é um pouco diferente”.

A organização fundada pelo norte-americano diz que se mantém graças a doações privadas e tem, em seu site oficial, um canal para receber doações. Descreve-se como “uma empresa de responsabilidade limitada registrada em Wyoming”, Estado norte-americano. E cita funções que vão além do treinamento militar: evacuação médica, logística, análise de risco, remoção de minas terrestres, extração humanitária de civis e fornecimento de ajuda humanitária em geral.

Entretanto, Milburn ressalta que seus voluntários não são autorizados a combater. “Há uma linha muito clara”, diz ele. Quem for à guerra tem que deixar o Mozart. O mesmo vale para as nações ocidentais, que têm fornecido armamento sofisticado aos ucranianos, mas em momento nenhum enviaram seus exércitos para tomar parte na guerra.

De volta ao treinamento

No que tange ao treinamento, a principal limitação é o tempo. Os recrutas recebem treino de manuseio de armas de fogo, pontaria e táticas de campo, algo que levaria cerca de seis meses para ser realizado de forma ideal. O Mozart resume essa preparação em cursos que duram entre cinco e dez dias.

Já a necessidade de ter mais combatentes em ação leva Kiev a retirar grupos reduzidos do campo de batalhas e devolvê-los ao treinamento realizado pelo Mozart Group. E eles precisam ser treinados em regiões próximas ao confronto, vez que não é possível realizar grandes deslocamentos.

Segundo Milburn, o ideal seria trabalhar com grupos grandes, compostos por cem a 120 pessoas. Mas isso não é possível, diz ele, explicando o fato de receber apenas equipes com cerca de 40 indivíduos.

Entre os aprendizes estão pessoas dos 20 aos 50 anos, com condicionamento físico de níveis diferentes, equipadas com armas diversas e uniformes cuja qualidade varia muito. O despreparo é tal que sequer o alinhamento de mira havia sido feito pela maioria antes no início do curso. “Essa é a primeira coisa que você faz”, diz Milburn.

Um ex-militar irlandês voluntário do Mozart diz que a situação só não é pior porque do lado russo as condições são semelhantes. “O governo ucraniano não quer dizer que a maioria de seus militares não é realmente treinada. Mas eles estão tentando lutar contra os russos, que, felizmente, também não são treinados”.

A análise é semelhante à feita por um militar britânico que serviu ao Mozart. “Eles são homens de 36, 37 anos, e há quatro meses esses caras eram taxistas ou fazendeiros. Nenhum deles quer estar no exército, mas dizem que o país foi invadido. O que você espera que façamos? Respeito enorme a eles. Mas é muito triste, para ser honesto”, diz o britânico, que voltou temporariamente para casa e concedeu a entrevista por telefone, mas diz que pretende voltar à Ucrânia.

Fonte: A Referência
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