Criança é retirada da família em Guarapuava e não pode ser visitada por eles


Uma família está vivendo literalmente um pesadelo nos últimos oito meses, em Guarapuava. O menino Miguel, de 1 ano e 10 meses, foi retirado da casa onde morava desde que nasceu por uma mulher que se dizia do Conselho Tutelar: Franciela Toledo Felchak Silvestre. No dia 11 de março, o garoto foi retirado dos avós do coração, Christiane Keller e Claudio do Xangô, como é conhecido. Ela alegou que eles tinham feito uma adoção à brasileira e levou à criança para a Casa Lar da cidade, onde está até o presente momento.

No momento da apreensão da criança, a mãe Bruna Gabrieli Michalczyszyn Lacerda estava trabalhando em São José dos Pinhais para ajudar a sustentar o filho. Ela trabalhava numa casa de hortifrutigranjeiros. "Somos uma família sócio-afetiva. A Bruna mora com a gente desde os 14 anos e escolheu a nossa casa para que o Miguel ficasse até ela pode vir buscá-lo. Ela queria se estruturar financeiramente", contou Claudio, numa série de vídeos que gravou e postou numa página do Facebook, com o nome #VoltaMiguel.

A juíza do caso é Cristiane Kampamnn Bitencourt. Ela não teria identificado o grupo como sendo familiar. E teria autorizado a retirada da criança. A ação judicial tem uma série de erros, a começar pelo Boletim de Ocorrência que cita Franciela como conselheira tutelar - ela é cargo em comissão do Fórum e não conselheira tutelar. Depois, cita uma ordem judicial para a apreensão da criança e encaminhamento do casal para a Justiça. A ordem judicial nunca apareceu, em nenhum dos três processos que foram ajuizados sobre o caso.

Outra inconsistência do processo seria a data em que o acolhimento de Miguel apareceu no sistema: dia 16, cinco dias após ser retirado dos avós. "Esse caso todo é uma grande falcatrua", disse Claudio. Bruna, mãe de Miguel, voltou para Guarapuava um dia após a apreensão do garoto. No entanto, conseguiu visitá-lo uma vez, num quarto com câmeras. "Tentaram que eu dissesse de todas as formas que abandonei o Miguel e dei para que um casal criasse. Isso jamais aconteceu. Deixei com eles porque eram as únicas pessoas que eu confiava", disse ela. Atualmente, ela foi reconhecida como filha por Claudio, com autorização da mãe biológica de Bruna.

Bruna e o Casal - Bruna é filha de Daniele, mãe biológica, que era amiga de Christiane Keller. Daniele tinha problemas com drogas e estava sempre pedindo ajuda para os amigos, participando de todas as festividades com a família. Um dia, ela teria ficado muito mal e Bruna teria ido morar com Claudio e Christiane, em 21016. Pouco antes de engravidar, Bruna teria namorado um rapaz e saído de casa. Quando ficou grávida, ele teria pedido para ela abortar e, com medo, teria voltado a morar com os dois pais do coração. "Ela acabou ficando com a gente de novo e o Miguel nasceu quando ela estava aqui. Quando ele estava com mais de um mês, ela decidiu voltar a trabalhar para bancar o menino porque não queria deixar tudo nas nossas costas. Ela era muito teimosa e orgulhosa. Então foi e ficamos cuidando dele", contou Chris.

Com medo de perder o filho, Bruna voltou para a casa e está morando novamente com os pais do coração. "Comprovamos na Vara da Família que somos uma família há mais de quatro anos como manda o provimento 88. Estávamos cuidando como avós até ela se organizar. Ela nunca deixou faltar nada pra ele e sempre que dava vinha ver o Miguel", relatou Chris. Chris e Claudio tem uma bebê que sempre levam para o médico em Curitiba. Nessas idas para a capital, sempre levavam o Miguel para ver a mãe.

Intolerância Religiosa - A família acredita que tudo não passe de um caso de intolerância religiosa, já que Claudio é pai de santo. "Eles deveriam estar preocupados em fazer a reinserção familiar do Miguel e não fizeram isso. Procuraram a avó biológica, que tem problemas de saúde. Mas não querem que ele fique com a mãe", comentou Claudio. A prova da intolerância religiosa estaria no processo, que está em segredo de Justiça. Nele, teria foto dos avós do coração com vestimentas religiosas. "Ouvimos dentro do fórum que somos do diabo e que não podiam deixar o menino ser criado por gente como nós", confidenciou Chris.

Casos de Adoção à Brasileira - Mesmo que fosse um caso de adoção à brasileira, o que não foi demonstrado até agora, deveria ser observado o direito do Miguel. Lembro-me de um caso que cobri quando estava na Folha de Londrina em que um casal de gêmeos foi adotado de forma irregular pelo deputado estadual e pastor Edson da Silva Praczyk (PL-PR). Os bebês teriam sido trocados pela mãe biológica em dezembro de 98 por material de construção e cestas básicas. O pastor teria registrado as crianças como sendo seus filhos legítimos. Praczyk e a esposa foram processados, mas acabaram conseguindo ficar com os gêmeos - fazendo em seguida uma adoção regular.

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Jornalista Luciana Pombo

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